domingo, 25 de maio de 2008

UM GRANDE EXEMPLO PARA O PAÍS


É comum vermos na imprensa brasileira a apologia ao crime, à divulgação massiva de fatos que chocam a opinião pública dando um pésssimo exemplo para nossos jovens. A maioria dos programas de TV abordam obscenidades, besteirol e outras baboseiras que nada contribuem para nossa sociedade.

A apresentação de boas políticas públicas, de ações de responsabilidade social, de respeito à ecologia raramente estão presentes nas reportagens. O destaque vai para um jogador de futebol que sai para um "programa e se dá mal" ou para o cotidiano de um ex-big brother. Poxa, tudo isto é demais. Chega de tanta inversão de valores.

Faço este desabafo depois que nosso país perdeu mais um grande homem de valor. Firme nas suas posições, íntegro e correto em toda sua vida. Sua postura engradecia o Senado Federal. Era uma voz comprometida com a construção de uma sociedade melhor, com ética, com respeito às diferenças, construída com valores coletivos e não individuais.

Em contraponto aos que acreditam que exemplos como o Senador Jefferson Peres são raríssimos de encontrar. Quero discordar totalmente. Em todas as profissões, em todas as regiões deste país encontramos inúmeros exemplos de homens e mulheres que em suas vidas demonstram uma trajetória de respeito aos mais belos princípios que encontramos na humanidade.

Falo isso com a convicção de encontrar mães que dão à vida por seus filhos, a trabalhadores que colaboram com um companheiro em dificuldades mesmo sem ter condição, a garotos como aquele de nosso Ceará que ia a escola de carrinho de mão, entre inúmeros. Existe muito mais bondade, compaixão, respeito e amor em nosso mundo. Falta os bons exemplos serem difundidos para que sirvam de inspiração para a atual geração e a futura.

Muitas vezes achamos que os heróis são pessoas incomuns, com qualidades acima das nossas. Quanto ouvimos os depoimentos de Gandhi, Nelson Mandela, Chico Mendes entre tantos outros considerados como tal, percebemos que aqueles nossos heróis não se consideravam tão diferentes, apenas diziam humidelmente que fizeram apenas o que tinha de ser feito e qualquer um outro poderia fazer o seu papel.


Façamos o que deve ser feito.


Siga em paz Senador Jefferson Peres. Sentiremos sua falta.

sábado, 24 de maio de 2008

ENTREVISTA DE LULA PARA O "THE ECONOMIST"

Veja a transcrição da entrevista que o Presidente Lula deu para jornalistas estrangeiros. Nenhum órgão de imprensa brasileiro divulgou esta entrevista, como tem sido a regra atualmente.

Esses dias eu recebi aqui o ex-presidente de Portugal, Mário Soares. Ele veio aqui, como jornalista, fazer uma entrevista para a TV Pública dePortugal. Ao se sentar, no meu gabinete, ele falou assim para mim: *'Presidente, eu não estou entendendo. Eu leio a imprensa estrangeira e vejo que o Brasil está muito bem, eu converso com empresários estrangeiros e vejo que a economia brasileira está muito bem. Mas quando eu leio a imprensa brasileira eu penso que o Brasil acabou,parece que acabou o Brasil'. * Ele foi conversar com algumas pessoas de oposição. Ele falou: 'Presidente, eu não acredito. O que as pessoas disseram para mim não é a realidade'. Até porque Portugal tem muitos investimentos no Brasil e eu converso com os empresários portugueses. Quando chegou em Portugal ele escreveu um artigo muito importante, numa entrevista, vendo o que estava * acontecendo no Brasil."
* *Sobre favelas e o Complexo do Alemão:* *"Eu queria lembrar aos senhores que em 1970 São Paulo tinha apenas duas favelas. São Paulo tinha a Favela do Vergueiro, perto do aeroporto de Congonhas, na rua Vergueiro, que não existe mais. E tinha a favela da Vila Prudente, que ainda existe hoje, não em forma de favela como era na década de 70, bem menor do que era, mas já um pouco urbanizada. Hoje, São Paulo tem mais de dois milhões de brasileiros que moram em favelas. Eu fui, na sexta-feira e no sábado passado, ao Rio de Janeiro. Fui à Rocinha, fui ao Complexo do Alemão e fui a Manguinhos. E fiquei surpreso porque onde hoje é o Complexo do Alemão, um lugar que vocês, habitualmente, vêem na imprensa como um lugar violento, de muita troca de tiros e de muita quadrilha guerreando entre si, na década de 50 era uma fazenda e, na década de 80 foi a grande ocupação, que virou a favela que é hoje. Depois, eu fiquei sabendo que a Rocinha também era uma fazenda e que a partir da década de 80 se transformou naquele complexo de pessoas morando em péssimas condições, como é hoje. Eu estou falando isso para dizer para vocês que se as coisas tivessem sido feitas corretamente por sucessivos governos, se cada um tivesse feito um pouco, certamente nós não teríamos nem dois milhões de paulistas morando em favelas e muito menos teríamos complexos como Manguinhos, como Rocinha ou como o Complexo do Alemão, com gente morando em péssimas condições, possibilitando e facilitando o surgimento do crime organizado, do narcotráfico e de tanta violência. E por que eu comecei falando do Complexo do Alemão? É porque parte da pobreza do nosso País se concentra muito fortemente a partir da década de 80. Possivelmente, alguns empresários de outros Estados – o Gerdau está aqui no Rio Grande do Sul, quase tudo o que aconteceu de favelas foi exatamente a partir da década de 80 e veio se avolumando. E por que veio se avolumando? Porque é importante atentar que o Brasil passou praticamente 26 anos, quase uma geração e meia, com a economia crescendo aquém daquilo que era necessário crescer."
* *26 anos de estagnação econômica:* *"Quando eu vejo na televisão uma cena da polícia prendendo um jovem... Normalmente, os ladrões, no Brasil, são jovens de 15 a 24 anos, a 30 anos. Ou seja, são todos eles, Gerdau, oriundos de 26 anos de atrofiamento da economia brasileira. Eu, por exemplo, sou de uma categoria econômica que, na década de 80, tinha praticamente 2 milhões de trabalhadores no Brasil, e caiu mais de 1 milhão. Quem é da construção civil aqui, eu estou vendo muitos aqui, sabe que a construção civil brasileira, nos últimos 20 anos, só dispensou trabalhadores e contratou muito pouco, porque não havia nem investimentos na construção civil leve, e muito menos na construção civil pesada. A última grande obra de infra-estrutura de peso no Brasil foi Itaipu, em 1974. Certamente, hoje nós não faríamos Itaipu, porque a legislação ambiental e nem os ambientalistas permitiriam que nós fizéssemos do jeito que ela foi feita. Hoje ninguém permitiria que Sete Quedas tivesse desaparecido, que era uma das coisas mais extraordinárias do mundo e está hoje alagada pelo lago de Itaipu. Pois bem, se durante 26 anos nós não crescemos, e nós geramos esse padrão de pobreza, que transforma o Brasil num dos países mais desiguais do mundo, era preciso que nós, então, tomássemos uma atitude de estancar isso e começar um novo processo."
* *As mudanças na educação:* *"Nós tiramos 20 milhões de pessoas da extrema pobreza e vamos tirar mais. Os indicadores sociais, tanto os medidos pelos institutos brasileiros,como os medidos pelos institutos internacionais, que vão ** das instituições da ONU... Nós melhoramos gradativamente a posição social do Brasil. É um momento em que crescem os investimentos empresariais, cresce a entrada de dólar no Brasil, cresce a geração de empregos, cresce a renda das pessoas e ao mesmo tempo, cresce a inclusão social em nosso País. Agora, o que está faltando fazer? Educação, eu sei que vocês estão curiosos para discutir a educação. É uma pena que o meu ministro da Educação não tenha sido convidado para participar do seminário, já que é um tema extremamente importante e interessante. Mas, certamente, vocês receberão as informações, amanhã, do que está sendo feito na educação. Eu vou dar dois exemplos para vocês: primeiro, nós criamos o Fundeb. No governo passado aconteceu uma coisa importante. Foi constituída a possibilidade da universalização do ensino fundamental. Nós chegamos a 97% das crianças nas escolas. Só que as pessoas não perceberam que quando você universaliza o ensino fundamental, você precisa saber que aquela criança, quando termina o ensino fundamental, tem que fazer outro curso. E não se pensou no ensino médio. Nós criamos o Fundeb para atender às necessidades das escolas de ensino médio para nove estados do Nordeste, que são as mais pobres, um Fundo que vai gastar, do governo federal, ou melhor, que vai investir mais 10 bilhões de reais no ensino fundamental. Segunda coisa: aumentamos de 8 para 9 anos a quantidade de anos de escolaridade no ensino fundamental. A terceira coisa: nós resolvemos recuperar a escola técnica profissional de que, no Brasil, nós tanto carecemos. Vou dar um dado para vocês. A primeira escola técnica brasileira foi fundada em 1909 pelo presidente Nilo Peçanha, na cidade de Campos de Goitacazes. Em 1909 foi construída a primeira escola técnica brasileira, na cidade de Campos. De 1909 até 2003 foram construídas no Brasil 140 escolas técnicas. Até 2010, nós teremos funcionando no Brasil, mais 214 escolas técnicas brasileiras. Em oito anos, nós estamos fazendo quase o dobro do que foi feito em 93 anos. A mesma coisa no ensino universitário. O Brasil, ao longo de toda a sua história, construiu 54 universidades federais. Nós vamos terminar o mandato construindo, em oito anos, dez novas universidades federais e 48 novas extensões universitárias, levando cursos universitários para o interior do País. A partir do mês que vem, no final de abril ou no começo de maio, eu dedicarei uma semana para inaugurar escolas neste País. Tinha sido aprovada uma lei, em 1998, que tirava do governo federal a responsabilidade de fazer investimentos em escolas técnicas e deixava por conta do mercado. O mercado não deu resposta e o Estado teve que voltar a assumir a responsabilidade de cuidar daquilo que o Brasil precisava. * *Mais importante ainda, nós tínhamos um problema sério de colocar jovens pobres na universidade. Vocês sabem que aqui no Brasil – não sei como é na Inglaterra e nos Estados Unidos – o pobre estuda na escola pública, no ensino fundamental, e o rico estuda em escola paga. Isso, no ensino fundamental. Quando chega na universidade, o rico vai para a escola pública e o pobre vai para a universidade privada. Como o pobre não pode pagar a mensalidade, ele fica fora. O que nós fizemos? Nós criamos um programa chamado ProUni, fizemos uma isenção de imposto para as universidades privadas e transformamos o equivalente do imposto em bolsas de estudo. Pasmem! Em três anos já colocamos 360 mil jovens na universidade, jovens pobres da periferia e da escola pública. De que eu era acusado? Qual era a acusação que me faziam? "O presidente Lula está nivelando o ensino por baixo, está rebaixando o nível do ensino no Brasil, na medida em que criou o ProUni." Como eu sou católico e tenho sorte, três anos depois foi feita a primeira avaliação dos cursos universitários brasileiros. Em 14 áreas, incluindo Medicina e Engenharia, os melhores alunos avaliados foram, exatamente, os que iam nivelar por baixo a educação no Brasil: foram os alunos do ProUni, da periferia deste País.* *Agora estamos fazendo uma outra pequena revolução na educação. Estamos criando outro programa chamado Reuni. O que é o Reuni? Nós estamos passando uma verba a mais para as universidades federais brasileiras e, em contrapartida, as universidades brasileiras, as federais, vão aumentar, de uma média de 12 alunos por professor, para uma média de 18 alunos por professor. Sabem o que significa isso? Mais 400 mil jovens brasileiros na universidade até 2010."
* *O preconceito contra o Bolsa Família:* *"Uma pessoa de um meio de comunicação importante no Brasil, ficou indignada porque uma mulher do Bolsa Família comprou uma geladeira. Obviamente que ela não comprou com o dinheiro do Bolsa Família, mas o dinheiro do Bolsa Família pode ter ajudado a pagar a prestação. Isso porque não fizemos o nosso programa de renovação de geladeira que vamos fazer, se Deus quiser. A imprensa foi lá e entrevistou essa moça. Ela falou: 'não só eu comprei a geladeira, como estou de sandália nova porque eu pude comprar, eu compro sandália para os meus filhos'. Antes do Bolsa Família, tinha mulher que comprava um lápis e partia ao meio para dar para dois filhos ou para dar para dois netos. Hoje, ela se dá o prazer de comprar uma caixa de lápis para cada um. Isso não é investimento? Isso não é distribuição de renda? Isso não é investimento sadio? Então, no Brasil nós ainda temos que mudar determinados conceitos que foramcriados ao longo do tempo."
* *Sobre a inclusão digital:* *"Vamos levar para 55 mil escolas públicas urbanas, neste País, internet banda larga. Eu penso que será uma pequena revolução na educação, neste País. Em todas as escolas técnicas já temos laboratórios de informática. Criamos um programa chamado Computador para Todos, que eu acho que vocês conhecem, que diziam que era difícil, não ia dar cento. Hoje, o Brasil está vendendo computador como jamais imaginava-se vender em suahistória. ** E vender para as camadas mais pobres, porque nós estamos trabalhando com uma coisa que todo mundo deveria compreender: não é apenas olhar o preço final do produto, é saber se a quantidade de prestações que apessoa vai pagar cabe dentro do seu salário."
* *Sobre a explosão da indústria automobilística:* *"Por que a indústria automobilística brasileira está explodindo? Eu convivo com a indústria automobilística brasileira desde 1969, fui dirigente sindical desde 1975, presidente do sindicato. Sempre vi a indústria automobilística em crise, fechando em vermelho, não vende, (inaudível) do governo... Qual é o milagre? Dois milagres fundamentais: primeiro, aumentar a renda das pessoas; segundo: aumentar a quantidade de prestações que a pessoa tem que pagar pelo carro, porque se vendia carro para pagar em 24 meses ou em 30 meses, tinha sempre o mesmo segmento da sociedade que podia comprar. Eu tenho na minha cabeça que o povo quer três coisas: casa, casar com uma mulher bonita, e a mulher quer casar com um homem bonito e ter um carro. Carro ainda é uma paixão, hoje repartida com o computador. O que fez a indústria automobilística? Aumentou a quantidade de prestações, saiu de 36 ou de 24 para 72, para 82, e já chegara para 99. E o que aconteceu? Aconteceu que a indústria automobilística corre o risco de, já no próximo ano, atingir a totalidade da sua capacidade produtiva. Hoje, as pessoas estão esperando 6 meses para comprar um caminhão, se for um caminhão pesado, espera até 9 meses. As pessoas estão na fila para comprar carro. Até ontem, a empresa ia quebrar: 'eu vou embora do Brasil, porque não está dando para vender'." Hoje, vemos exatamente o contrário, novas automobilísticas querendo vir para o Brasil.* *Governar para os Ricos é mais fácil:* *"Se eu quiser governar o Brasil para 35 milhões, eu não terei problemas, porque o Brasil tem espaço para 35 ou 40 milhões de brasileiros viverem em padrão de classe média alta européia. Se eu quiser governar só para esses, eu não preciso, realmente, fazer investimento do Estado. Agora, se eu quiser e o Brasil desejar incluir os milhões que estão deserdados, aí, realmente, nós vamos ter que gastar**. Eu vou dar um exemplo. Seria importante vocês deixarem dois ou três jornalistas aqui, para andar um pouco pelo Brasil. Quando criei o programa chamado Luz para Todos, eu tinha uma informação do IBGE, de que no Brasil tinham 10 milhões de pessoas que não tinham energia elétrica. Criamos o programa Luz para Todos. Esse programa já utilizou 460 mil quilômetros de cabos – imaginem quantas vezes a gente poderia ter enrolado a Terra – já colocamos mais de 3 milhões e 600 mil postes, já colocamos mais de 500 mil transformadores e já gastamos mais de 8 bilhões de reais. Oitenta por cento financiado pelo governo federal e 20% pelos estados. Alguns estados não podem pagar e o nosso governo pagou também.* *Alguém, analisando apenas com uma visão estritamente econômica, poderia dizer: 'mas isso não é possível, tem que cobrar'. Se cobrar não tem energia, porque as pessoas não têm como pagar. Agora que nós já fizemos, e quase 8 milhões de pessoas já receberam, nós descobrimos que os dados do IBGE estavam errados. Apareceram mais 1 milhão e 564 mil pessoas sem luz, e vamos ter que levar, até 2010, para todo mundo. Custa para o Estado? Custa. Alguém que estivesse discutindo do ponto de vista econômico poderia dizer: 'custa para o Estado, é verdade presidente Lula, custa para o Estado'. E eu poderia perguntar: quanto custa para o Estado deixar essa pessoa vivendo no século XVIII quando nós poderíamos trazê-la para o século XIX com um cabo, um poste e um bico de luz? É preciso ter a sensação do que significa chegar a uma casa, encontrar uma família no escuro – uma lata de coca-cola com pavio, a lata cheia de querosene – e as crianças lendo em torno da lata, a fumaceira cobrindo a casa. Aí, você monta o Programa, chama a mulher e aperta uma tomada. Quando a luz acende dentro da casa dela, é como se você a tivesse transportado do século XVIII para o século XXI, e não há dinheiro que pague. Como custam R$ 4,5 bilhões, que estamos investindo para tentar trazer de volta para a cidadania 4 milhões e 100 mil jovens, de 15 a 24 anos. Ou nós colocamos esse dinheiro, dando uma ajuda para eles e formando-os profissionalmente, ou o narcotráfico e o crime organizado vão oferecer a eles o que o Estado não oferece. Essa guerra eu não quero perder. Eu quero ganhar.* *Por isso, quando a gente discutir os gastos do Estado, nós temos que olhar comparando a quê? Alguns países estão prontos há pelo menos 60, 70, 80 anos. Nós precisamos ficar prontos e só ficaremos prontos quando a totalidade dos brasileiros estiver participando desse processo de desenvolvimento do País. Caso contrário, não valeu a pena a gente governar o País se o resultado, no final do mandato, for a gente continuar com a mesma quantidade de gente na classe média, com a mesma quantidade de ricos e com a mesma quantidade de pobres. Eu quero aumentar o número de ricos, quero aumentar o número de gente na classe média e quero acabar com a pobreza neste País. Por isso, para nós é uma questão de honra não abrirmos mão de fazer as políticas sociais que estamos fazendo agora. E vou fazer mais."
* *CPMF: derrota não paralisa o Governo:* *"Vocês sabem que a oposição derrotou o imposto que nós tínhamos sobre transações financeiras. E não derrotou porque era contra o imposto, não, derrotou porque acharam que era demais garantir ao governo do Lula ter 120 bilhões de reais até 2010, e era preciso diminuir. Nós lamentamos. Chorar não choramos, mas lamentamos. Nós tínhamos aprovado um Programa de Saúde que era uma revolução na Saúde, e eu vou implementá-lo. O dinheiro vai aparecer, e podem ficar tranqüilos que eu não vou aumentar tributo e o dinheiro vai aparecer. Podem ficar certos de que nós vamos gastar melhor o que temos que gastar e economizar onde não é essencial, para a gente gastar onde é essencial. Eu tenho um sonho, que é levar médico, levar dentista, levar oftalmologista e levar otorrino dentro das escolas para fazer exame nas crianças, dentro da escola. Eu tinha isso na década de 60. Está certo que nós tínhamos pouca gente na escola, mas na década de 60 o Estado brasileiro oferecia dentista para cuidar dos dentes das crianças. Se vocês andarem pelo Nordeste brasileiro, apesar de tudo que nós já fizemos com o Brasil Sorridente, nós ainda temos muitas meninas e meninos de 18 ou 19 anos sem dentes. Quem vai cuidar disso? A iniciativa privada só vai cuidar disso se essa pessoa tiver renda para pagar. Se ela não tiver, é o Estado que tem que fazer. Na hora em que o Estado cumprir com as suas obrigações, podem ficar certos de que as próprias pessoas vão tratar de exigir que o Estado seja cada vez menos intrometido nas coisas que não precisa se intrometer. Mas sem o Estado não haverá inclusão social neste País, sem o Estado a gente não consegue recuperar um século de descaso com parte da população mais pobre deste País. E é por isso que nós estamos vivendo este momento.* *Quero dizer para vocês que vamos crescer mais em 2008, que vamos fazer mais políticas sociais em 2008, que queremos exportar mais em 2008, que queremos importar mais em 2008, que queremos consolidar o Brasil como a principal potência dos combustíveis renováveis, e queremos inserir o Brasil, cada vez mais forte e sólido, neste mundo globalizado. Sabemos que temos que trabalhar muito e sabemos que a única chance que nós temos de chegar lá é nos colocarmos diante do mundo com a seriedade que nós queremos daspessoas." * *Reforma tributária:* *"Vivo um momento muito importante para o meu País. Eu espero, quando deixar o governo, não voltar a ser tão oposição mais, porque eu espero eleger o meu sucessor e espero que este País tenha seqüência. Nós precisamos de, no mínimo, 10 ou 15 anos de crescimento sustentável para que a gente possa recuperar todo o tempo que nós perdemos. É assim que nós vamos governar o Brasil, é assim que nós vamos aprovar a reforma tributária. Podem escrever nas suas matérias, nós vamos aprovar a reforma tributária este ano. A oposição passou oito anos falando em reforma tributária e agora está lá o projeto, é só votar. Podem fazer uma emenda aqui, outra emenda ali, mas vão votar. Uma reforma tributária justa, que diminua a quantidade de impostos que temos neste País, que facilite a vida de quem quer investir, que facilite a vida de quem construir um negócio, que facilite a vida do povo, que reduza a quantidade de tributos e, ao mesmo tempo, que a gente acabe com a guerra fiscal fratricida neste País. Eu acho que nós vamos aprovar, não sei por que eu estou otimista. Espero contar, sobretudo, com o apoio de vocês, empresários brasileiros, conversando com quem vocês conhecem, para a gente aprovar isso."*

quarta-feira, 21 de maio de 2008

AVANÇOS NA EDUCAÇÃO


Tive a oportunidade de conhecer de perto o atual Ministro da Educação Fernando Haddad por ocasião de minha última ida a Brasília. Já tinha visto o ministro em alguns debates e extraído uma boa impressão dele. Preparado, bom discurso, capaz de enfrentar debatedores experientes com altivez. Sua postura me impressionou. Nesta última vez que o vi, por ocasião da Marcha de Prefeitos fiz questão de acompanhar de perto sua palestra. Com boa didática apresentou os planos de sua gestão, suas metas, seus projetos. Tive a certeza ali de encontrar alguém preparado para dar um novo dinamismo à educação brasileira. O enfrentamento com o problema do transporte escolar, a implantação de 210 Cefets e de 14 novas universidades, o avanço do FUNDEB, o Plano Nacional de Educação, tudo foi apresentado com clareza e de forma que apaixonou todos os presentes. Alguns prefeitos ao meu lado diziam-me: "Taí um ministro preparado". Outros me falavam: "Este é que deve ser o sucessor do Lula".

Saí dali esperançoso dos rumos da nossa educação. Claro que antes esperei para tirar uma foto com o ministro. Quem sabe não é nosso futuro presidente mesmo. E conta com meu voto é claro.

Barack Obama perto da indicação democrata.




O democrata Barack Obama abriu uma vantagem de oito pontos percentuais sobre o republicano John McCain no momento em que os rivais voltam suas atenções para a eleição presidencial dos EUA, afirmou uma pesquisa da Reuters/Zogby divulgada na quarta-feira.


Obama, que no mês passado estava empatado com McCain em uma hipotética disputa entre os dois, passou a ter em maio 48 por cento das intenções de voto, contra 40 por cento para o senador pelo Arizona. Neste mês, Obama assumiu de forma consistente a liderança da corrida com a também pré-candidata Hillary Clinton pela vaga do Partido Democrata no pleito nacional de novembro. Será que vamos ter mesmo um negro na presidência, fato improvável até pouco tempo ?


Para conferirmos um pouco das idéias desta sensação da política americana, veja o discurso feito em Illinois em que Obama aborda a questão racial:




"Nós, o povo, com o objetivo de formar uma união mais perfeita"



Há 221 anos, em uma edificação que continua a existir, do outro lado da rua, um grupo de homens se reuniu e, com essas simples palavras, lançou a improvável experiência da democracia na América. Fazendeiros e estudiosos, estadistas e patriotas que atravessaram um oceano para escapar à perseguição e à tirania por fim concretizaram sua declaração de independência em uma convenção que durou toda a primavera de 1787.
O documento que produziram terminou por ser assinado, mas em última análise era uma obra inacabada, porque continha a mácula da escravidão, o pecado original da nação e uma questão que dividiu as colônias e causou impasse na convenção até que os fundadores optaram por permitir que o tráfico de escravos continuasse por pelo menos mais 20 anos, deixando qualquer solução definitiva às futuras gerações.
É evidente que a resposta à questão da escravidão já estava contida em nossa constituição -uma constituição que tinha por cerne a igualdade dos cidadãos perante a lei, uma constituição que prometia a seu povo liberdade, e justiça, e uma união que poderia e deveria ser ainda mais aperfeiçoada ao longo do tempo.
No entanto, palavras em um pergaminho não seriam suficientes para libertar os escravos de seus grilhões, ou oferecer a homens e mulheres de todas as cores e credos seus plenos direitos e obrigações como cidadãos dos Estados Unidos. Foram necessários norte-americanos de futuras gerações que se dispuseram a fazer sua parte -por meio de protestos e luta, nas ruas e nos tribunais, por meio de uma guerra civil e da desobediência civil, e sempre sob grande risco- a fim de reduzir a distância entre aquilo que nossos ideais prometiam e a realidade de nossa era.

Esta foi uma das tarefas a que nos propusemos no início desta campanha --continuar a longa marcha daqueles que vieram antes de nós, uma marcha em direção a um país mais justo, mais igualitário, mais compassivo e mais próspero. Escolhi disputar a presidência neste momento histórico porque acredito profundamente que não possamos resolver os desafios de nossa era a não ser que o façamos juntos -a não ser que aperfeiçoemos nossa união ao compreender que, embora nossas histórias pessoais possam diferir, temos esperanças comuns; que embora nossas aparências não se assemelhem, desejamos todos nos mover na mesma direção --o caminho de um melhor futuro para os nossos filhos e netos.
Essa crença deriva de minha fé inabalável na decência e na generosidade do povo dos Estados Unidos. Mas também deriva de minha história pessoal como americano.
Sou filho de um homem negro do Quênia e de uma mulher branca do Kansas. Fui criado com a ajuda de um avô negro que sobreviveu à Depressão e combateu no exército de Patton durante a Segunda Guerra Mundial, e de uma avó branca que trabalhou em uma linha de montagem de bombardeiros, em Fort Leavenworth, enquanto seu marido servia no exterior. Freqüentei algumas das melhores escolas dos Estados Unidos e vivi em uma das mais pobres nações do mundo. Sou casado com uma negra norte-americana que porta o sangue de escravos e de proprietários de escravos -um legado que transmitimos a nossas duas amadas filhas. Tenho irmãos, irmãs, sobrinhas, sobrinhos, primos e tios de todas as raças e matizes, espalhados por três continentes e, por mais que eu viva, jamais me esquecerei de que em nenhum outro país do planeta minha história seria possível.
Trata-se de uma história que não fez de mim o mais convencional dos candidatos. Mas ela tornou parte de minha composição genética a idéia de que este país é mais que a soma de suas partes --a idéia de que, múltiplos, sejamos um só.
Ao longo do primeiro ano desta campanha, contrariando todas as previsões em contrário, nós vimos o quanto o povo dos Estados Unidos está faminto por essa mensagem de unidade. A despeito da tentação de ver minha candidatura exclusivamente pela lente da raça, conquistamos vitórias incontestáveis em Estados nos quais a população branca é das maiores no país. Na Carolina do Sul, onde a bandeira confederada continua a ser desfraldada, construímos uma poderosa coalizão entre negros e brancos.

Isso não implica dizer que a raça não tenha desempenhado um papel nessa campanha. Em diversos momentos, houve comentaristas que me definiram como negro demais ou negro de menos. Vimos a tensão racial borbulhar à superfície na semana da primária da Carolina do Sul. A imprensa vem vasculhando todas as pesquisas de boca de urna em busca dos mais recentes indícios de polarização racial, não só em termos de negro e branco mas de negro e marrom igualmente.
E no entanto foi apenas nas duas últimas semanas que a discussão da raça se tornou assunto especialmente divisivo, nesta campanha.
De um lado do espectro, ouvimos implicações de que minha candidatura representa de alguma forma um exercício de ação afirmativa; que ela se baseia apenas no desejo dos liberais deslumbrados de adquirir reconciliação racial a baixo preço; de outro, ouvimos meu antigo pastor, o reverendo Jeremiah Wright, empregando linguagem incendiária a fim de expressar opiniões que não só poderiam alargar a cisão entre as raças como também denigrem a grandeza e a bondade de nossa nação, e que ofendem deliberadamente tanto brancos quanto negros.
Já condenei de maneira inequívoca as declarações do reverendo Wright que causaram tamanha controvérsia. Para algumas pessoas, restam questões incômodas. Eu sabia que ele ocasionalmente criticava de maneira feroz a política interna e externa dos Estados Unidos? Evidentemente sim. Eu ouvi declarações que poderiam ser consideradas controversas em ocasiões nas quais compareci à igreja dele? Sim. Discordo fortemente de muitas de suas opiniões políticas? Com certeza --da mesma maneira que, sei, muitos de vocês ouviram opiniões de seus pastores, padres ou rabinos com as quais discordavam fortemente.
Mas as declarações que causaram a recente tempestade não foram simplesmente controversas. Não se tratava simplesmente do esforço de um líder religioso para protestar contra o que vê como injustiça. Em lugar disso, elas expressavam uma visão profundamente distorcida do país -uma visão que considera o racismo como endêmico entre os brancos, e que atribui mais importância ao que há de errado com os Estados Unidos do que a tudo aquilo que sabemos há de certo; uma visão de que os conflitos no Oriente Médio dependem integralmente das ações de firmes aliados como Israel, em lugar de emanarem das ideologias perversas e odientas do islamismo radical.

Em si, os comentários do reverendo Wright eram não só errados mas divisivos, e divisivos em um momento no qual precisamos de unidade; racialmente distorcidos em um momento no qual precisamos nos unir para enfrentar um conjunto de problemas monumentais -duas guerras, a ameaça terrorista, uma economia em queda, uma saúde em crise crônica, e alterações climáticas potencialmente devastadoras; problemas que não são negros, brancos, latinos ou asiáticos, mas sim problemas que todos nós temos de enfrentar.
Dadas minhas origens, minha posição política e os valores e ideais que professo, sem dúvida haverá pessoas para quem minhas declarações de condenação não serão suficientes. Por que eu me teria associado ao reverendo Wright inicialmente, elas podem perguntar. Por que não freqüentar outra igreja? E confesso que, se tudo que eu soubesse sobre o reverendo Wright fossem os trechos de vídeo que parecem ser exibidos em repetição contínua na televisão e no YouTube, ou se a igreja dele realmente pudesse ser descrita pelas caricaturas oferecidas por alguns comentaristas, eu sem dúvida reagiria mais ou menos como eles.
Mas a verdade é que isso não é tudo que conheço sobre o homem. O homem que conheci há mais de 20 anos foi um homem que me ajudou a conhecer a fé cristã, um homem que sempre falou de nossa obrigação de amar uns aos outros, de cuidar dos doentes e ajudar os pobres. Ele é um homem que serviu seu país como Fuzileiro Naval; que estudou e lecionou em algumas das melhores universidades e seminários norte-americanos; e que por mais de 30 anos comandou uma igreja que serve à comunidade realizando o trabalho do Senhor em nossa terra -oferecendo guarida aos desabrigados, cuidando dos necessitados, servindo como creche, fornecendo bolsas, atendendo aos detentos, bem como ajudando às vítimas do HIV/Aids.
Em meu primeiro livro, "Dreams From My Father", descrevi a experiência do primeiro culto a que assisti naquela igreja:
"As pessoas começaram a gritar, a se levantar de suas cadeiras, a aplaudir, a exclamar, como uma poderosa rajada de vento que conduzia a voz do pastor a todos os cantos... E naquela nota una -a esperança!- eu ouvi algo mais; aos pés daquela cruz, em milhares de igrejas por toda a cidade, imaginei as histórias das pessoas negras comuns se misturando à história de Davi e Golias, de Moisés e o Faraó, dos cristãos lançados aos leões, do campo de ossos ressecados de Ezequiel. Aquelas histórias --de sobrevivência, liberdade e esperança- se tornaram nossa história, minha história; o sangue derramado era o nosso sangue, as lágrimas, nossas lágrimas; até que aquela igreja negra, naquele dia ensolarado, se assemelhasse uma vez mais a um recipiente conduzindo a história de um povo a novas gerações e a um mundo mais amplo. Nossos triunfos e sofrimentos se tornaram a um só tempo únicos e universais, negros e mais que negros; ao registrar nossa jornada, as histórias e as canções nos ofereciam maneiras de retomar memórias sobre as quais não precisávamos nos envergonhar... memórias que todas as pessoas podiam estudar e acalentar --e com as quais poderíamos começar a reconstruir".

Foi essa a minha experiência na igreja. Como outras igrejas predominantemente negras em todo o país, a Trinity incorpora a comunidade negra em sua totalidade --o médico e mãe solteira, o estudante modelo e o antigo membro de gangue. Como outras igrejas negras, os cultos da Trinity estão repletos de riso ruidoso e ocasionalmente de humor ousado. Eles oferecem dança, palmas, exclamações, gritos que podem parecer chocantes, a quem não conheça. A igreja oferece em forma plena a gentileza e a crueldade, a feroz inteligência e a ignorância chocante, os percalços e os sucessos, o amor e, sim, a amargura e a parcialidade que compõem a experiência negra nos Estados Unidos.
E isso talvez ajude a explicar meu relacionamento com o reverendo Wright. Por mais imperfeito que ele seja como pessoa, para mim sempre foi parte da família. Ele reforçou minha fé, celebrou meu casamento e batizou minhas filhas. Em nenhuma das conversações que mantive com ele o ouvi se pronunciar sobre qualquer grupo étnico de maneira derrogatória, ou tratar os brancos com os quais interagia de qualquer outro modo do que com respeito e cortesia. O reverendo abriga muitas das contradições --o bem e o mal-- da comunidade à qual serviu de maneira tão diligente por tantos anos.
Não posso renegá-lo porque não posso renegar a comunidade negra. Não posso renegá-lo pelo mesmo motivo pelo qual não posso renegar minha avó branca --uma mulher que ajudou a me criar, uma mulher que se sacrificou por mim inúmeras vezes, uma mulher que me ama mais que a tudo no mundo mas que, em certa ocasião, me confessou ter medo dos homens negros que cruzam seu caminho nas ruas, e que em mais de uma ocasião pronunciou estereótipos raciais ou étnicos que me fizeram estremecer.
Essas pessoas são parte de mim. E são parte do Estados Unidos, o país que eu amo.
Há quem veja minhas declarações como tentativa de justificar ou desculpar comentários que são simplesmente indesculpáveis. Posso lhes garantir que não é esse o caso. Suponho que a coisa segura a fazer, em termos políticos, seria deixar para trás esse episódio e simplesmente esperar que desapareça. Podemos descartar o reverendo Wright como demagogo ou esquisitão, da mesma maneira que descartamos Geraldine Ferraro depois de recentes declarações que revelaram profunda parcialidade racial.

Mas a questão da raça não pode ser ignorada por este país no momento que vivemos, em minha opinião. Estaríamos cometendo o mesmo erro que o reverendo Wright cometeu em seus sermões ofensivos sobre os Estados Unidos --simplificar, estereotipar e amplificar o negativo até o ponto em que isso distorça a realidade.
O fato é que os comentários que foram feitos e as questões que emergiram nas últimas semanas refletem a complexidade da situação racial neste país, que nós jamais deslindamos --uma parte de nossa união que nos cabe ainda aperfeiçoar. E caso deixemos a questão sem solução agora, se recuarmos aos nossos cantos, jamais poderemos nos unir e resolver desafios como a saúde, ou a educação, ou a necessidade de encontrar bons empregos para todos os norte-americanos.
Compreender essa realidade requer que recordemos como chegamos a esse ponto. Como William Faulkner escreveu, 'o passado não está morto e enterrado; na verdade, ele nem mesmo é passado'. Não precisamos recitar aqui uma história da injustiça racial neste país. Mas precisamos recordar que muitas das disparidades que existem hoje na comunidade negra remontam diretamente às desigualdades que gerações anteriores sofreram sob o legado brutal da escravatura e das leis de segregação racial.
Escolas segregadas eram, e continuam sendo, escolas inferiores; o problema ainda não foi resolvido, 50 anos depois da decisão do processo Brown vs. Conselho da Educação [que proibiu a discriminação racial nas escolas norte-americanas, em 1954]. A educação inferior que elas ofereciam, então como agora, ajuda a explicar o onipresente diferencial de realizações entre os estudantes brancos e negros.
A discriminação legalizada --sob a qual os negros eram impedidos, muitas vezes pela violência- de adquirir propriedades, ou sob a qual empresários negros não conseguiam empréstimos, ou proprietários negros de imóveis não obtinham financiamento da Autoridade Federal da Habitação, ou trabalhadores negros eram excluídos dos sindicatos, ou dos departamentos de polícia e bombeiros --tudo isso significou que muitas famílias negras tenham sido impedidas de acumular patrimônio que pudessem legar às futuras gerações. A História nos ajuda a entender a disparidade de riqueza e renda entre brancos e negros, e os bolsões de pobreza que persistem em tantas comunidades urbanas e rurais.

A falta de oportunidades econômicas para os homens negros, e a vergonha e frustração que surgiam diante da incapacidade de sustentar uma família, contribuíram para a erosão das famílias negras --um problema que as políticas de assistência social adotadas por muitos anos ajudaram a agravar. E a falta de serviços básicos em muitos bairros urbanos negros --parques nos quais as crianças possam brincar, patrulhamento pela polícia, coleta regular de lixo, aplicação dos códigos de edificações e zoneamento-- ajudou a criar um ciclo de violência, ruína e negligência que continuam a nos ferir.
Esta é a realidade na qual o reverendo Wright e outros negros da geração dele cresceram. Eles chegaram à maioridade no final dos anos 50 e começo dos 60, um momento em que as leis de segregação continuavam em vigor no país e em que oportunidades lhes eram negadas sistematicamente. O que é notável não é que muitos deles tenham fracassado diante da discriminação, mas sim que tantos homens e mulheres tenham superado as probabilidades adversas; que tantos deles tenham conseguido encontrar caminhos que os tirassem do beco sem saída e abrissem novas possibilidades para pessoas como eu, que vieram depois deles.
Mas ainda que muitos tenham batalhado e conseguido conquistar sua versão do sonho americano, inúmeros outros não encontraram sucesso -as pessoas que, de uma maneira ou de outra, terminaram derrotadas pela discriminação. Esse legado de derrota foi transmitido a futuras gerações -os jovens, tanto homens quanto cada vez mais mulheres, que vemos parados nas esquinas ou trancafiados nas prisões, sem esperança ou perspectiva de futuro. Mesmo entre os negros que conquistaram o sucesso, questões de raça e racismo continuam a influenciar fundamentalmente sua visão de mundo. Para os homens e mulheres da geração do reverendo Wright, as memórias da humilhação, dúvida e medo não se foram, e o mesmo pode ser dito sobre a raiva e a amargura daqueles anos. Essa raiva talvez não seja expressa em público, diante dos colegas de trabalho ou amigos brancos. Mas encontra expressão nas conversas de barbearia, ou em torno da mesa de jantar. Ocasionalmente, essa raiva é explorada pelos políticos, que tentam obter votos locais manipulando a questão racial, ou como forma de compensar os defeitos desses líderes.

E ocasionalmente ela encontra expressão na igreja em uma manhã de domingo. O fato de que tanta gente tenha ficado surpresa diante da raiva na voz do reverendo Wright em seus sermões só serve para nos lembrar do velho dito de que o momento mais segregado da vida nacional são as manhãs de domingo. Essa raiva nem sempre é produtiva; de fato, ela muitas vezes distrai a atenção que deveria ser dedicada à solução de problemas reais; impede-nos de considerar de maneira franca nossa cumplicidade quanto à condição em vivemos; e impede que a comunidade negra forme as alianças de que necessita para promover mudanças reais. Mas a raiva é real; é poderosa; e simplesmente desejar que ela não exista, condená-la sem compreender suas raízes, só servirá para alargar o fosso de incompreensão que existe entre as raças.
Na verdade, raiva semelhante existe em certos segmentos da comunidade branca. A maior parte dos norte-americanos brancos de classe baixa e média não sentem que sua raça lhes tenha valido privilégios especiais. A experiência deles é a experiência do imigrante --no que tange a eles, tudo que obtiveram foi construído pelo esforço próprio; nada lhes foi dado. Eles trabalharam com afinco a vida toda, e muitas vezes seus empregos terminaram exportados, ou suas pensões foram liquidadas em escândalos financeiros depois de uma vida inteira de trabalho duro. Eles sentem ansiedade quanto ao seu futuro, e sentem que seus sonhos estão passando sem realização; em uma era de salários estagnados e competição global, a oportunidade que surge em outras terras representa falta de oportunidade aqui -a realização de outros sonhos ocorre à custa dos deles. Assim, quando eles são instruídos a enviar seus filhos a uma escola localizada do lado oposto da cidade por motivo de integração racial; quando descobrem que um colega de trabalho negro leva vantagem na seleção para um bom posto ou um estudante negro tem preferência para uma vaga universitária devido a injustiças que não foram cometidas por eles; quando são informados de que medo do crime urbano representa uma forma de preconceito racial, eles acumulam ressentimentos.

Como a raiva na comunidade negra, esses ressentimentos nem sempre são expressos em momentos de convivência. Mas eles ajudaram a dar forma à paisagem política do país, ao longo da última geração. A raiva quanto à assistência social e a ação afirmativa ajudou a criar a chamada coalizão Reagan. Os políticos rotineiramente exploram o medo do crime para fins eleitorais. Os apresentadores de programas de entrevistas e os colunistas conservadores construíram carreiras demolindo falsas alegações de racismo, mas também descartando discussões legítimas de injustiça e desigualdade racial, classificando-as como reles correção política ou exemplos de racismo reverso.
Da mesma maneira que a raiva negra muitas vezes se provou contraproducente, esses ressentimentos brancos distraíram a atenção quanto aos verdadeiros responsáveis pela compressão que a classe média vem sofrendo: um governo e sistema político dominados por lobbies e interesses especiais; políticas econômicas criadas para favorecer alguns poucos em detrimento de muitos. E, no entanto, ignorar os ressentimentos dos norte-americanos brancos, ou classificá-los como equivocados ou racistas, também serve para ampliar a divisão entre as raças, e para bloquear o caminho do entendimento.
É este o ponto em que estamos agora. Trata-se de um impasse racial no qual vivemos há anos. Ao contrário das alegações de alguns de meus críticos, brancos e negros, jamais fui ingênuo a ponto de acreditar que podemos superar nossas divisões raciais em um único ciclo eleitoral, ou por meio de uma única candidatura --especialmente uma candidatura tão imperfeita quanto a minha.
Mas asseverei minha forme convicção --enraizada em minha fé em Deus e no povo dos Estados Unidos-- de que trabalhando juntos seremos capazes de curar algumas de nossas velhas feridas raciais, e que de fato não nos resta escolha se desejamos continuar no caminho de uma união mais perfeita.
Para a comunidade negra, esse caminho significa aceitar os fardos do passado sem que nos tornemos vítimas dele. Significa continuar a insistir em plena justiça quanto a todos os aspectos da vida norte-americana. Mas também significa combinar nossas queixas específicas --a busca de melhor saúde, melhor educação, melhores empregos-- às aspirações mais amplas de todos os norte-americanos -a mulher branca que luta para superar as restrições ao avanço profissional feminino, o homem branco que perdeu o emprego, o imigrante que tenta alimentar sua família. E isso significa aceitar plena responsabilidade por nossas vidas --exigindo mais de nossos pais, e passando mais tempo com nossos filhos, lendo para eles, ensinando-os que, embora possam enfrentar desafios e discriminação em suas vidas, jamais devem sucumbir ao desespero ou ao cinismo; devem sempre acreditar em que lhes será possível escrever seu destino.

Ironicamente, esse conceito fundamentalmente americano --e, sim, conservador--, o de 'ajuda a ti mesmo', encontrava expressão freqüente nos sermões do reverendo Wright. Mas o que meu antigo pastor muitas vezes não conseguia compreender era que iniciar um programa de auto-ajuda requer, igualmente, a crença em que a sociedade seja capaz de mudar.
O erro profundo dos sermões do reverendo Wright não é que ele tenha falado do racismo em nossa sociedade, mas sim que o tenha feito como se nossa sociedade fosse estática, como se progresso algum tivesse sido realizado, como se este país --um país que permitiu a um membro da congregação dele disputar o mais alto dos cargos e criar uma coalizão de negros e brancos, latinos e asiáticos, ricos e pobres, jovens e velhos-- esteja ainda acorrentado a um passado trágico. Mas aquilo que sabemos --aquilo que testemunhamos- é que os Estados Unidos podem mudar. É esse o verdadeiro gênio de nosso país. O que conseguimos realizar nos dá esperança --a audácia da esperança-- quanto ao que poderemos e devemos realizar amanhã.
Na comunidade branca, o caminho para uma união mais perfeita significa reconhecer que os problemas da comunidade negra não existem apenas na cabeça dos negros; que o legado da discriminação --e incidentes atuais de discriminação, embora menos escancarados do que no passado-- existe e precisa ser corrigido. E não apenas com palavras, mas por meio de fatos --investimento em nossas escolas e comunidades, defesa dos direitos civis e de julgamento justo nos tribunais criminais, criação de escadas de oportunidade que permitam à atual geração uma ascensão impossível para gerações passadas. Isso requer que todos os norte-americanos compreendam que seus sonhos não precisam ser realizados à custa de sonhos alheios; que investir na saúde, bem-estar e educação de crianças brancas, negras e marrons em última análise ajudará o país como um todo a prosperar.
Aquilo de que precisamos, portanto, é nada mais, e nada menos, do que aquilo que todas as grandes religiões do mundo pedem: que façamos aos outros aquilo que gostaríamos nos fosse feito. A Bíblia pede que protejamos os nossos irmãos e irmãs. Devemos encontrar, nos outros, o interesse que nos une, e nossas políticas deveriam refletir esse fato.

Pois temos uma escolha a fazer, em nosso país. Podemos aceitar uma política que fomente a divisão, o conflito e o cinismo. Podemos tratar da questão racial apenas como espetáculo --como o fizemos no julgamento de OJ--, ou apenas em momentos de tragédia, como o fizemos depois do Katrina, como munição para as notícias noturnas. Podemos exibir os vídeos do reverendo Wright em todos os canais, todos os dias, e falar sobre eles daqui até a eleição, e fazer com que a única questão a ser debatida no pleito seja a possibilidade de que eu concorde ou simpatize de alguma maneira com as mais ofensivas de suas palavras. Podemos explorar uma gafe de algum assessor de Hillary, ou podemos especular se todos os homens brancos votarão em McCain, não importa quais sejam suas opiniões políticas.
Podemos agir assim.
Mas, caso o façamos, posso lhes afirmar que, na próxima eleição, estaremos falando sobre outra distração; e depois outra; e mais outra; e nada jamais mudará.
Essa é uma opção. Ou podemos, neste momento, nesta eleição, nos unir e exclamar: 'Desta vez, não!' Desta vez, queremos falar sobre as escolas decadentes que estão roubando o futuro de crianças negras, brancas, asiáticas, hispânicas e indígenas. Desta vez podemos talvez rejeitar o cinismo que nos diz que essas crianças são incapazes de aprender, que essas crianças de aparência diferente das nossas são problema de outra pessoa. As crianças dos Estados Unidos não são 'essas crianças': são as nossas crianças, e não permitiremos que fiquem para trás na economia do século 21. Não desta vez.
Desta vez queremos discutir sobre as filas repletas de brancos, negros e hispânicos desprovidos de planos de saúde nos pronto-socorros, pessoas que não têm o poder de superar sozinhas os interesses especiais em Washington mas que poderiam fazê-lo caso nos uníssemos.
Desta vez queremos falar sobre as fábricas abandonadas que no passado ofereciam vida decente a homens e mulheres de todas as raças, e sobre as casas à venda que no passado pertenceram a pessoas de todas as religiões, todas as regiões, todas as ocupações. Desta vez queremos falar sobre o fato de que o verdadeiro problema não é que alguém de aparência diferente possa tomar nosso emprego, mas sim que a empresa para a qual alguém trabalha possa decidir despachar esse emprego a outro país em busca de nada mais que lucro.

Desta vez queremos falar sobre homens e mulheres de todas as cores e credos que servem unidos e lutam unidos e sangram unidos sob a mesma orgulhosa bandeira. Queremos falar sobre como trazê-los para casa de uma guerra que não deveria ter sido autorizada e jamais deveria ter sido travada, e queremos falar sobre como devemos demonstrar nosso patriotismo cuidando deles e de suas famílias, e lhes propiciando os benefícios que conquistaram.
Eu não estaria disputando a presidência caso não acreditasse de coração que é isso que a vasta maioria dos norte-americanos deseja para o país. Nossa união talvez jamais venha a ser perfeita, mas geração após geração demonstraram que ela sempre pode ser melhorada. E hoje, sempre que me vejo cínico ou em dúvida com relação a essa possibilidade, aquilo que me dá mais esperança é a próxima geração --os jovens cujas crenças e atitudes e abertura à mudança já fizeram história nesta eleição.
Existe uma história em especial que eu gostaria de deixar com vocês, hoje --uma história que contei quanto tive a grande honra de discursar no aniversário do Dr. (Martin Luther) King em sua igreja, a Ebenezer Baptist, em Atlanta.
Há uma jovem voluntária branca, Ashley Baia, 23, que nos ajudou a organizar nossa campanha em Florence, na Carolina do Sul. Ela vem trabalhando para ajudar a organizar uma comunidade formada majoritariamente por negros, desde o começo da campanha, e um dia participou de uma mesa redonda na qual todo mundo contou sua história e explicou os motivos de sua presença.
Ashley contou que, quando ela tinha nove anos, sua mãe adoeceu de câncer e, porque teria de perder dias de trabalho, terminou demitida e perdeu seu seguro-saúde. A família teve de pedir falência, e foi então que Ashley decidiu que tinha de fazer alguma coisa para ajudar a mãe.
Ela sabia que comida era uma das maiores despesas da casa, e por isso convenceu a mãe de que a comida que ela mais gostava eram sanduíches de pão com mostarda e molho inglês. Porque eles eram a comida mais barata que encontrou.

Ela o fez por um ano, até que sua mãe melhorou, e ela contou a todo mundo na mesa redonda que o motivo para que tivesse aderido à nossa campanha foi para que pudesse ajudar os milhões de crianças do país que querem e precisam ajudar os país.
Ashley com certeza poderia ter feito escolha diferente. Alguém pode ter dito a ela em algum momento que o motivo dos problemas de sua mãe eram os negros que viviam de assistência social por serem preguiçosos demais para trabalhar, ou os hispânicos que chegam ao país ilegalmente. Mas ela não o fez. Em lugar disso, procurou por aliados em sua luta contra a injustiça.
Quando Ashley terminou sua história, ela perguntou aos demais porque eles haviam aderido à campanha. Cada um deles tinha histórias e razões próprias. Muitos mencionaram uma questão específica. E por fim chegou a vez de um velho negro que havia assistido a tudo aquilo em silêncio. Ashley perguntou por que ele estava lá. E ele não mencionou um motivo específico. Não citou a saúde ou a economia, a educação ou a guerra. Não disse que estava lá por causa de Barack Obama. Ele simplesmente disse, a todos os presentes: 'Estou aqui por causa de Ashley'.
'Estou aqui por causa de Ashley'. Em si, aquele momento único de reconhecimento entre uma jovem branca e um velho negro não seria suficiente. Não é suficiente que ofereçamos saúde aos doentes, trabalho aos desempregados ou educação às crianças.
Mas é assim que devemos começar. É assim que nossa união se tornará mais forte. E como tantas gerações vieram a perceber ao longo dos 221 anos desde que aquele grupo de patriotas assinou aquele documento em Filadélfia, é assim que começa a perfeição.

Futebol em nosso estado: desleixo


Os últimos fatos envolvendo as nossas principais praças de esportes denotam a displicência com que nossas autoridades estaduais e municipais trataram do problema. O Presidente Vargas interditado há meses e o triste espetáculo visto em rede nacional do estado do gramado do Estádio Catelão demonstram no mínimo uma insensibilidade para o setor. Lamentável. Vamos aguardar que as autoridades tenham acordado para o fato após as críticas amplas e irrestritas. Pelo menos tão recuperando o gramado do Castelão para o jogo do nosso leão. Vamos aguardar que fique bom. Também não era sem tempo.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

SONHOS PODEM VIRAR SOMENTE ILUSÕES


Assisti recentemente ao filme "Bobby" de Emílio Estevez, que conta a trajetória de cerca de 20 personagens, cujas vidas se entrelaçam por ocasião do assassinato do então candidato a presidência dos EUA Robert Francis Kennedy. O filme não aborda a trajetória política do senador nem os bastidores de sua campanha, fala da vida de pessoas comuns que se encontram no hotel onde Bobby visitará e proferirá um discurso. A cena final emociona, faz um bom tempo que eu não me emociono tanto ao ver um filme. Não simplemente pelo brilhantismo do diretor, mas pela sua capacidade de traduzir o sentimento de esperança e de um mundo melhor que aconteceria com a eleição de Bobby Kennedy. Ele traduzia as aspirações do mais humildes, dos negros, dos jovens, dos entusiastas pela paz e direitos civis. Era um vento de esperança naqueles tempos dificeis de Guerra do Vietnã, de preconceitos raciais, de violências, de assassinatos. Sua morte representou um duro golpe na esperança de milhões de americanos. Seus discursos empolgavam e fazia a todos acreditar que uma outra forma das coisas acontecerem ser possível. O filme me fez pesquisar sobre sua trajetória o que acabou me dando uma certa frustação pois os principais meios de pesquisa são em inglês, que ainda não domino muito bem. De qualquer forma fiquei instigado a conhecer de perto este político com discursos tão atuais. Ei você, quando chegar à locadora não duvide, alugue o filme Bobby.

FUTEBOL: UMA PAIXÃO NACIONAL


Tive o privílégio de ir ao Estádio Castelão nesse último domingo e presenciar uma verdadeira festa. O clima em Fortaleza já era cedo de euforia. Pessoas passando pelas ruas desfilando com suas camisas tricolores e cumprimentando desconhecidos que estavam com a mesma camisa, carros com bandeiras buzinando, os bares cheios de gente fazendo a base para o jogo. Chegamos cedo ao estádio, era uma verdadeira massa tricolor que se esprimia para entrar mas todos festejando como se já adivinhassem o que iria acontecer dali a pouco. A arquibancada aos poucos foi sendo ocupada pelos torcedores. No início do jogo estava praticamente tomada. As palavras de ordem das torcidas, as "olas", a batidas de palmas, tudo era festa. Nem o primeiro gol do Icasa tirou a alegria da torcida. O time do Fortaleza jogava bem e dava esperança de que sairíamos dali com o bicampeonato. O gol de Taílson levantou a galera. Foi lindo, eu estava exatamente atrás do gol. Todos se abraçaram comemorando. Novamente outro gol do Icasa mas em seguida veio o gol do Paulo isidoro. Nova euforia. Termina o primeiro tempo com o placar igual. A festa continuava, ninguém duvidava da vitória. No recomeço do jogo víamos um Fortaleza valente disposto a decidir. E a decisão veio com mais dois gols. Euforia, alegria, abraços, beijos, tudo aconteceu neste Castelão. Um dia inesquecível para quem esteve presente, para quem é torcedor do Fortaleza. O grito era um só: BI-CAMPEÃO. Depois do jogo com certeza a comemoração deve ter varado a madrugada pelos forrós e pelas ruas.