Um dos maiores problemas brasileiros da atualidade é a gestão do trânsito brasileiro. Acredito que nestas eleições municipais deveria ser um dos temas mais explorados no debate de propostas dos candidatos. Basta olhar os indicadores de mortes em acidentes de trânsito para compreendermos a gravidade do problema brasileiro. Isto não é um problema restrito às grandes cidades, mas que permeia os pequenos e médios municípios.
Recentemente acompanhei o atendimento a duas pessoas que sofreram um acidente de trabalho em uma construção no IJF em Fortaleza. Vi de perto as inúmeras dificuldades da saúde brasileira com superlotação e outras precariedades. Entretanto, ao conversar com o médico plantonista ele me falou revoltado do descaso dos poderes públicos municipais com a gestão do trânsito. Me afirmou categoricamente: "caso tivéssemos um mínimo de seriedade no trânsito no país não teriamos este caos que se encontra a saúde". A quase totalidade dos atendimentos de traumatizados vem oriunda de motos, de condutores sem habilitação, de alcoolizados na direção, etc. De nada adiantará leis mais rígidas se os gestores não trabalharem uma política de trânsito para suas cidades.
Na campanha eleitoral última para governador, o atual governador Cid Gomes foi muito criticado por ter uma ação mais enérgica no combate às infrações do trânsito em estradas estaduais. Falava-se até que isto inviabilizaria sua candidatura tal a repercussão. Não foi isto que aconteceu, mas evidenciou-se que é primordial mostrar para a sociedade os malefícios advindos da nulidade da ação dos municípios na gestão do trânsito. E evidenciar não apenas as mortes, que já são muito graves, mas as demais consequências também. Faltam recursos e leitos para atender nossos pacientes nos hospitais e os poucos que existem são quase que na totalidade utilizados com egressos de acidentes automobilísticos. A sociedade não compreendeu que vivemos uma grande tragédia, comparada a uma guerra civil, que são os mortos, mutilados e feridos advindos da inconsequência da sociedade ao não colocar na ordem do dia do debate o trânsito brasileiro.
Nesta eleição municipal pergunte aos candidato a prefeito quais são suas propostas para o trânsito de seu cidade. Exija uma ação preventiva para conscientização dos condutores, dos jovens motoristas, de todos em geral. Exija uma ação repressiva dura contra a direção não habilitada, a utilização do álcool no volante, entre outras barbaridades que estão ceifando vidas e esperanças diariamente das famílias brasileiras.
A proliferação do uso da motocicleta tem trazido a necessidade de uma reeducação para seus adeptos. Neste aspecto volto novamente ao IJF de Fortaleza. Visitei um amigo Moésio na UTI, quando estava acidentado e em estado grave. Ele foi vitima de um choque com um motorista embriagado e trafegando na contra mão. Conseguiu sobreviver para contar sua história de superação. Na UTI eram 16 pessoas, 15 oriundas de acidente envolvendo motocicletas. Olhe que isto já aconteceu há diversos anos. Quantos e quantos "Moésios" que não tiveram a sorte de sobreviver ou mesmo de retornar a vida normal não foram afetados por este descaso? Como podemos ficar calados diante deste fato que afeta direta e indiretamente a todos nós? Claro que não devemos execrar a motocicleta. Trata-se de uma alternativa viável e atraente para o transporte em nosso país. Agora faz-se necessário um preparo das cidades para receber estes novos motoristas, educá-los, conscientizá-los. E isto não vem acontecendo de maneira nenhuma.
Faço um apelo a toda a sociedade, a todos nós, de passarmos a pensar nesta questão urgente do trânsito brasileiro. Não dá mais para ficarmos inertes e a sociedade como um todo pagar uma conta alta, penosa, triste, diária, revoltante.....
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