Sempre gostei das músicas de Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Jorge de Altinho, Elba Ramalho e muitos outros expoentes da nordestinidade, do forró, do baião...Lembro das poucas vezes que tive o privilégio de ver o "Seu Luiz". Já escrevi por aqui mesmo sobre o prazer de dançar ao som do mestre dos mestres. Inesquecível. Da mesma forma sempre senti emoções fortes ao ver Dominguinhos no palco.
Por diversas oportunidades tive o privilégio de vê-lo desfilar seus acordes pelas festas. Dancei ao som de sua sanfona por várias vezes. Como muitos e muitos pelo Brasil adorava ouvir os seus LPs. Suas músicas contagiam a alma dos brasileiros falando de amizade, da saudade, do amor. "Que falta eu sinto de um bem, que falta eu sinto de um xodó. Eu só quero um amor que acabe o meu sofrer...".
Em uma das Festas Pula Fogueira realizadas em Quixadá, pude conversar com meu ídolo. Sentados em um banquinho da lanchonete do Pablo, pertinho da rodoviária, conversamos sobre diversos temas. Desde seu medo de andar de avião até sobre as músicas que iria entoar mais tarde. Do seu medo de avião disse que já tinha voado demais pelo Brasil e hoje optara por andar só por terra. Foi por esta decisão que pudemos contratá-lo, à época, por um preço razoável, pois se deslocava para cidades próximas de nossa cidade. Quando perguntou-se o que queria jantar, disse que não nos preocupassem, pois já tinha descoberto uma sopa especial ali pertinho. Depois deste papo memorável saiu para tomar a sopa e nos deixou.
No palco da Praça José de Barros, como que consciente da minha admiração ao cantar seus sucessos, falou baixinho no microfone: "Seu Cristiano tá ali só espiando". E realmente eu estava espiando e admirando momentos maravilhosos de ver um mestre em ação. Um mestre que tocava com alma de quem conhece os sentimentos do amor e do sertão nordestino. Quem esteve naquela noite em Quixadá deve guardar na memória esta apresentação memorável.
Depois disso reencontrei o mestre Dominguinhos algumas vezes no Kukukaya. Sempre tocando com amigos músicos cearenses e sendo alguns de Quixadá pude reencontrá-lo. Sempre humilde, tranquilo e de uma educação fantástica. E no palco também inesquecível. Quando ele adoeceu senti que não se recuperaria. Em nosso último encontro já percebi sua fragilidade. A apresentação como sempre era magistral, mas as marcas da doença já o atingiam.
Dominguinhos, tocará eternamente para os que lhe conheceram e para muitos que ainda advirão. Antes de sua morte, semana passada, comprei um CD duplo de uma homenagem a Luiz Gonzaga em que ele é o protagonista. Venho escutando quando estou dirigindo. É um primor e assim atenuamos esta saudade deste grande músico. Deixou um legado fantástico de genialidade, simplicidade, humildade e seriedade. Siga em paz mestre Dominguinhos.
obs: foto tirada no camarote do Kukukaya em Fortaleza (CE).
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