Ponto de referência da escritora Rachel de Queiroz: casa grande, arejada, rodeada de plantas tropicais, reserva de pássaros e com jeito de moradia dos sertanejos. No Sertão Central do Ceará, em nossa Quixadá está a fazenda Não Me Deixes, herança do pai Daniel. Um último desejo seu era ser cremada e suas cinzas serem levadas pelo vento na sua fazenda querida.
A vista do quarto dá para o açude, o pé de algaroba, o juazeiro, o pau d'arco, os mandacarus. É uma janela baixa que a gente até pode sentar no parapeito e ficar saboreando o vento batendo no rosto, uma raridade naquela região árida do Sertão Central. De vez em quando, o canto de um pássaro corta o silêncio da casa grande.
A história da Não Me Deixes começou no século passado. Nos idos de 1870, o tio-avô de Rachel, fazendeiro e proprietário de 18 áreas, deu de herança a terra para um primo da escritora que preferiu vendê-la para se aventurar na extração da borracha, no Amazonas. Quando o tio soube, conseguiu recuperar a fazenda e devolveu para o herdeiro que voltou pobre e doente. Mas o fez prometer que não sairia mais do local e o batizaria de Não Me Deixes. Quando o proprietário da fazenda morreu não tinha filhos e a terra voltou para as mãos do avô de Rachel que a deu de herança ao pai da escritora, Daniel de Queiroz. Rachel e o marido Oyama construíram a casa entre os 900 hectares de terra, em 1955. Tijolos, portas e janelas, além dos móveis, foram materiais retirados da própria fazenda. Atualmente um terço da fazenda (300 hectares) é área de reserva do Ibama. "Mas, muito antes de se falar em ecologia, Rachel e o marido já preservavam a fazenda'', diz a irmã Maria Luíza calculando que os cuidados com a área de caatinga, com a fauna e flora tropicais da região já vem de 45 anos atrás.
A fazenda Não Me Deixes é uma reserva particular do Patrimônio Natural há treze anos. O reconhecimento foi autorizado pelo ministro do Meio Ambiente, José Sarney filho, pelo decreto 1922 de cinco de junho de 1996. O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) classifica a área como "uma reserva representativa de ecossistemas da Caatinga, fauna e floras tropicais da Região e relevante beleza cênica''.
No diploma dependurado na parede da sala de visitas da casa da fazenda, o aviso: ``Foi gravado em cartório com perpetuidade para proteger a biodiversidade, em benefício das futuras gerações".
No diploma dependurado na parede da sala de visitas da casa da fazenda, o aviso: ``Foi gravado em cartório com perpetuidade para proteger a biodiversidade, em benefício das futuras gerações".
Design sertanejo. Os sete potes encostados nas paredes de frente e ao lado do fogão a lenha. Nas prateleiras de madeira, as panelas de barro, as quartinhas, as canecas de alumínio dependuradas nos tornos. Fixados no piso de cimento, um tronco de árvore para cortar a carne e um moedor de carne e de milho. Essa é a cozinha da casa grande, onde de "moderno'' mesmo, só o pequeno fogão a gás de duas bocas usado apenas nas emergências ou para esquentar uma água. Na ampla dispensa, dependurada no teto, uma tábua para guardar o queijo, feito na prensa, também construída com madeira da fazenda. Nas prateleiras, fileiras de garrafas de cajuína, bebida preferida da escritora. O depósito de madeira para guardar a farinha e o armário embutido que esconde o material de limpeza complementam a dispensa. Separando a cozinha do banheiro, uma sala serve de ambiente para a prensa, a máquina de desnatar leite, a antiga máquina de costura da marca Singer e uma mesa com banquinhos de madeira. No banheiro, apenas o chuveiro elétrico destoa do estilo antigo, até com uma banheira feita de cimento revestida de azulejo. Num pequeno quarto, com piso de tijolo e janelas que dão para o quintal, grandes baús guardam peças de cama e mesa, alguns marcados com o nome da fazenda.
Este texto é de autoria da jornalista Rita Célia Faheina, com algumas adaptações minhas para atualizar o texto.
obs: As fotos são de Fábio Barros(duas primeiras) e Alex Uchoa(se eu fosse vereador ainda, daria uma Medalha pela sua arte em retratar de forma sublime nosso Quixadá.
Acabei de ver esse post no Site Lima Coelho. Vim conferir. Parabéns é muito bonito! E que elagal que o Lima Coelho reproduziu. Sempre tive vontade de conhecer mais a casa de Rachel de Queiroz.
ResponderExcluirwww.limacoelho.jor.br/vitrine/ler.php?id=3924
Mariana Rodrigues
Hoje assintido tv estava falando da Raquel de Queiros. Parei e fiquei perstando atenção pois esse ano vou prestar vestibular aqui na Bahia na [federal] e cai alguns livros, fiquei muito curiosa pois uma das pessoas que estava fazendo homenagem a Raquel falou de Quixadá pois sou de Quixada minha cidade. E vim procurar na net nossa eu não lembrava mais que Raquel de Queiros tinha uma fazenda na minha cidade fiquei muito feliz. Parabéns ao dono desse site muito legal. Que pura conhecidencia eu conheço Cristiano Goes
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