Amanhã, quinta-feira teremos o lançamento de livro que conta sobre a trajetória do mais famoso cantador do nosso país: Cego Aderaldo. Vale a pena conferir.
Aderaldo Ferreira de Araújo nasceu no dia 24 de junho de 1878, na cidade do Crato, sem nenhum problema aparente na vista, nem dom reconhecido de ser cantador. Nos primeiros 18 anos da sua vida, trabalhou como aprendiz de carpinteiro, empregado de hotel, operário em uma forja de ferro. O pai, alfaiate, inválido desde os seus cinco anos, morreu naquele ano de 1896 e, 15 dias depois, Aderaldo sentiu uma forte dor nos olhos. Primeiro, virou cego, depois sonhou fazendo verso, cantando, e virou cantador.
As décadas seguintes, até sua morte aos 90 anos de idade, em 1967, são a vida de um dos maiores cantadores da história, de um homem adorado pelo povo e admirado por personagens da história brasileira, de Juscelino Kubitscheck a Padre Cícero. O jovem, que encontrou na cantoria um novo ofício após a cegueira, que começou cantando em Quixadá, cidade onde passou a maior parte de sua vida, rodou o País fazendo verso e desafiando outros repentistas,
O escritor e poeta Cláudio Portella conta essas e outras histórias da vida de Cego Aderaldo no ensaio biográfico que será lançado amanhã, fazendo do cantador o 49º perfilado pela coleção Terra Bárbara, da Fundação Demócrito Rocha, que reúne uma série de biografias de personalidades cearenses que nasceram aqui ou contribuíram para nossa formação, como Adolfo Caminha, Jáder de Carvalho, Bárbara de Alencar, Beato José Lourenço e Rachel de Queiroz.
O folheto A peleja de Cego Aderaldo com Zé Pretinho do Tucum foi o primeiro contato direito do autor com os improvisos do cantador, ou quase isso, já que o cantador não deixou nenhum registro escrito de suas produções e o cordel que lhe popularizou foi consolidado por um amigo.
Uma das principais referências para o título foi a obra Eu sou o Cego Aderaldo, livro publicado em 1963, em que o repentista narra sua vida ao escritor Eduardo Campos. Alertado pelo professor Gilmar de Carvalho sobre o fato de Aderaldo ter fantasiado sua vida em demasia na ocasião, Portella também buscou informações em arquivos de jornais e na sessão de obras raras da Biblioteca Estadual Menezes Pimentel.
“No tempo de acadêmico de Letras, eu achava o Cego Aderaldo melhor que o Patativa do Assaré. Eu era um ignorante. Não sabia que Patativa era poeta, enquanto que o Cego era repentista. E há diferença entre repente e poesia. A única poesia que conheço de Aderaldo é As três lágrimas, que transcrevi no livro, e que ele fez dedica à mãe”.
Alem da poesia, outras várias quadras e sextilhas de Cego Aderaldo são reproduzidas ao longo do livro, dando uma ideia da rapidez do improviso e da riqueza de imagens do repentista, como na ocasião, no Rio de Janeiro, quando um adversário atacou sua cegueira: “Hoje, não vejo os refolhos / Dos lindos cravos azuis. / Não vejo o mar cheio de escolhos / E o Céu recamado em luz. / Mas tenho fé que os meus olhos / Um dia enxergam Jesus!”
CEGO ADERALDO
Lançamento do livro de Claudio Portella, 49º volume da coleção Terra Bárbara, amanhã, às 19h, na Livraria Siciliano (Av. Santos Dummont, 3636-A, esquina com Coronel Jucá).
foto: monumento do Cego Aderaldo em Quixadá (CE)
Fonte: http://drzem.blogspot.com/
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