Para nós nordestinos a chuva tem um sabor todo especial. Desde cedo aprendemos que tempo bom é o nublado com respingos de chuva. Entendemos a importância do inverno para melhorar as condições do nosso povo tão sofrido pelas intempéries das secas que costumeiramente teimam de nos acompanhar.
Nestes tempos agora escutamos previsões de que 2013 será um ano difícil para chuvas. E isto aflige a todos nós. Trata-se de sinônimo para mais sofrimento, para mais dificuldades, principalmente para os homens e mulheres da zona rural nordestina. Espero que as previsões da Funceme e dos profetas populares estejam erradas e que este ano nos surpreenda positivamente com a água jorrando dos céus e irrigando nosso calejado solo.
Na última semana estive em umas férias rápidas de uma semana e em uma de minhas andanças me deparei com o cair de uma maravilhosa chuva. Não aguentei e passei alguns minutos sentindo na pele o doce sabor da água das nuvens. Deu para voltar no tempo e voltar à época de moleque na avenida Plácido Castelo de Quixadá. Naquelas épocas, quando caía uma chuva com certa intensidade, a garotada saía de suas casas e corria pelas ruas para "tomar banho de chuva". Sentíamos no rosto aqueles pingos de água e era uma alegria maravilhosa. Corríamos em desembalada, íamos e voltávamos até a precipitação começar a perder força e o frio chegar.
Não havia planejamento. Se chovesse forte a senha estava dada. Os meninos iam passando de casa em casa gritando e chamando os outros para aquele banho especial. Não perdíamos tempo e tirávamos a camisa e seguíamos os demais pela cidade. Sentir os pingos dágua era como sentir a vida escorrer pela nossa pele. Recordo-me da garotada: Luís, Titela, Dim, Cleílson, Zairton, Charles, Walber, entre tantos outros. Eram tempos de pouca preocupação, de muitas brincadeiras...
Faço esta recordação para relembrar dos tempos de garoto e de nossa relação com a chuva. Lembro ainda de uma chuva em que olhávamos para a Pedra do Cruzeiro e não a víamos, embora estivéssemos de frente para ela. Foi um inverno primoroso naquele ano. Ah, como era bom que ele se repetisse em 2013.
Quem nunca tomou banho de chuva, desta forma como falei, não sabe o que perdeu.
obs: a foto foi tirada em Ubajara, sob uma auspiciosa chuva.
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