quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

RACHEL DE QUEIROZ, UMA PERSONAGEM PARA NÃO ESQUECER

Há momentos, pessoas e lugares que marcam para sempre. É dessa forma o sentimento de ter convivido em alguns momentos com esta figura maravilhosa que foi Rachel de Queiroz. Escritora talentosa que sempre demonstrou seu amor pelo Nordeste e especialmente por Quixadá.

A primeira vez que a vi era menor estagiário do Banco do Brasil. Ela estava sendo atendida pelo sub-gerente da agência. Meu amigo Lucivaldo Bezerra me avisou que Rachel estava ali presente. Descemos do segundo andar e ficamos olhando de longe aquela figura famosa do noticiário nacional: a primeira mulher a entrar na Academia Brasileira de Letras. Neste momento não tivemos nenhum contato a não ser o olhar de admiração a distância. Nos chamava a atenção sua assinatura nos cheques que emitia e que eram descontados em nossa agência.

Depois tive o contato quando ela participou de um evento na Feclesc (Faculdade de Ciências e Letras do Sertão Central - UECE). Após sua palestra os estudantes puderam tirar fotos com a escritora. Era uma verdadeira briga para conseguir e cada foto era um monte de alunos a rodeando. Foi minha primeira foto com Rachel.

Em 1993 fui convidado para assumir  a secretaria municipal de cultura, turismo e desporto de Quixadá. E nesta época a visitei na Fazenda "Não me deixes" com o título pomposo de secretário para conversar com Rachel. Foi uma conversa extremamente agradável em que ela durante horas falou da sua visão sobre a cultura; de como deveriam ser as prioridades em um município cearense. Me fez um convite que infelizmente não pude aceitar. Seria passar duas semanas no Rio de Janeiro a acompanhando em Museus, galerias, espaços e eventos culturais. Não pude ir devido às atribuições profissionais no Banco do Brasil e na própria secretaria. Como teria sido riquíssimo percorrer estes locais com Rachel.

Nesta época também pude presenciar o encontro histórico de Rachel de Queiroz com Patativa de Assaré, sob o olhar de Alberto Porfírio, Dom Edmilson Cruz e de minha pessoa. Fui o motorista que conduziu o Mestre Patativa para o encontro com a "Dama do Sertão". Entretanto, esta foi outra história que já contei em meus escritos. Foi como presenciar uma final de campeonato mundial ou uma final olímpica, nas qual todos os competidores saíram ganhando. Que final de tarde memorável.

Ainda tive o privilégio de almoçar com Rachel em seu oásis chamado "Não me deixes". Pude saborear do prazer de sua comida com a delícia de sua conversa. Que coisa memorável. É de guardar para sempre.

Na última vez que estivemos juntos foi em um batizado. Sentamos a mesma mesa junto com minha mãe Francina; o ex-deputado Fernando Linhares e uma irmã sua cujo nome não me recordo; Rosita e Rachel. Ali pude matar as saudades de seu bate papo alegre e astral.

Recentemente, sentado ao lado de sua estátua na Praça da Cultura no Chalé da Pedra, pude relembrar um pouco desses momentos de seu convívio. Como são memoráveis. Parabenizo aos idealizadores Clébio Ribeiro, Hidário e Gladson pela justa homenagem a esta maravilhosa escritora. Me fez voltar no tempo, em um bom tempo. 

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