"Desde que nos propomos dizer uma verdade de acordo com as nossas convicções damos logo a impressão de fazer retórica. Que espécie de ilusão é essa? Como é que nos nossos dias não poucas verdades, proferidas que sejam, por vezes, mesmo em tom patético, imediatamente ganham aspectos retóricos? Por que é que na nossa época cada vez há mais necessidade, quando pretendemos dizer a verdade, de recorrer ao humor, à ironia, à sátira? Por que adoçar a verdade como se se tratasse de uma pílula amarga? Por que envolver as nossas convicções num misto de altiva indiferença, digamos, de desprezo para com o público? Numa palavra, por que certo ar de condescendência enganadora? Em nossa opinião, o homem de bem não tem de envergonhar-se das suas convicções, ainda mesmo que estas transpareçam sob a forma retórica, sobretudo se está certo delas."
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