domingo, 1 de setembro de 2019

EXISTE HUMANIDADE NAS PESSOAS DE HOJE?


Em uma dessas manhãs de sábado, fui a padaria comprar pão. Eu adoro o pãozinho francês novinho, pois enriquece o café. Estacionei ao lado de outro carro que também parava. Do carro saiu um senhor gordo e me dirigiu a palavra: 
- Eita vida boa.
Seu deboche se direcionava a um jovem que dormia debaixo de uma marquise. 
Minha resposta foi ignorar as palavras do insensível senhor.
Recentemente li uma matéria do jornal "O Povo" em que relatava a difícil vida de quem mora nas ruas. Trazia também o depoimento de uma pessoa que tinha conseguido sair desse desalento. Seu relato era emocionante, pois muitos não conseguem superar as dificuldades da solidão, da violência, das doenças, da insensatez.
Em geral tenho visto muita falta de solidariedade e desprezo com os moradores de rua.
Deve-se destacar que nem todos aqueles que perambulam pelas ruas são usuários de drogas ou criminosos. Há muitos em que o desarranjo familiar, a pobreza, a violência doméstica, os levaram à vida nas ruas, praças e avenidas.
Um personagem que conseguiu escapar das estatísticas foi o Capitão Silva, hoje integrante da Polícia Militar e educador. Passou extrema dificuldade ao morar na rua, inclusive dormindo em cemitérios. Era conhecido como o "morta fome". Recebeu apoio de pessoas realmente de bem e conseguiu desviar dos caminhos relacionados ao crime. Atualmente ministra palestras sobre sua trajetória. Ainda há esperança relata.
Nem todos que habitam as ruas conseguem encontrar almas caridosas. Nos últimos meses revi um amigo quixadaense morador das ruas de Fortaleza: José Maria. Sempre simpático, tinha alegria ao pedir moedas nos sinais. Na última vez que o vi, me afirmou que tinha deixado o vício da bebida e que ia sair dessa. Nunca mais o vi. Senti sua falta no sinal da Santos Dumont. Temi por sua vida. E ele realmente tinha saído do sofrimento, me relatou seu irmão algumas semanas atrás.
A vida é complicada, me relatou a Dona Maria. Pedinte ao lado da agência do Banco do Brasil da Desembargador Moreira, ela conversou comigo e falou com orgulho: "eu cozinhava para casas de família". Adoeceu, ninguém mais a quis para trabalhar. Vive de esmolas, com esperança de voltar para o Piauí, onde me disse que tem dois filhos e duas irmãs.
Contudo, há pessoas que ajudam as irmãs em situação de risco. Diariamente, há solidariedade, há registros de humanidade nas pessoas. Pode ate ser exagero na linguagem se expressar desta forma. Hoje vivenciamos muito desamor e ódio nos corações, mas há esperança. Nas noites sombrias, figuras adentram no Centro de Fortaleza para fazer o bem; para distribuir comida e bebida aos que tem fome e sede. 
Creio que ainda há esperança no ser humano. O bem não pode sucumbir ao ódio. Sejamos mais cristãos. É necessário trazer um pouco de Jesus, de Irmã Dulce, de Madre Teresa, de São Francisco, de Gandhi, entre tantos outros para nossas vidas.

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