quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

QUE 2016 CHEGUE CHEIO DE ESPERANÇA



Chega ao fim um ano considerado por muitos como difícil. E o foi. Tivemos um clima pós eleitoral de constate debate e inúmeros questionamentos. Escândalos se sucederam praticamente todas as semanas. O desgaste das autoridades e dos políticos do país é explícito. Cenas de intolerância contra pessoas de opiniões contrárias exacerbaram o clima no país, como se fosse um confronto final de torcidas organizadas de futebol. E neste clima a crise econômica começa a bater na nossa porta. Há prenúncio de nova seca no Nordeste. Um sentimento negativa paira sobre a sociedade brasileira.

Há no entanto, luzes indicando que a sociedade brasileira está mais exigente com a utilização dos recursos públicos. Cobra mais austeridade, eficiência e justiça. Presenciamos juízes sendo afastados de sua função por mau uso do cargo. Constata-se maior ação dos órgãos de controle. A transparência começa a ganhar efetividade com a disponibilidade permanente dos dados governamentais. As mídias sociais possibilitam maior questionamento e debate de notícias antes esquecidas pelos órgãos de imprensa. Existe esperança para nossa sociedade. Há vozes contundentes contra a corrupção, a ineficiência e a intolerância.

Apesar dos pesares sou um otimista. Acho que nosso país vem avançando de forma lenta e gradual em todos os setores. O problema é que não aceitamos mais práticas ultrapassadas e sem princípios de nossas autoridades.

Ressalte-se que para avançar ainda mais nossa sociedade precisamos fazer também a mudança dentro de nós. Não basta criticar os corruptos e ao mesmo tempo furar fila. Questionar o mau uso do recurso público e votar por interesse puramente individual. Pedir a condenação de políticos e diariamente chegar atrasado ao serviço público.

Ressalvo que apesar dos contratempos espero um ano melhor para todos os brasileiros. Espero que Deus nos envie chuva para nosso sofrido Ceará e o Nordeste. Espero que as palavras do Papa Francisco contagiem os corações duros dos homens na sua conspiração permanente pela paz. Espero que os homens e mulheres sábias possam trazer noticias no campo da saúde pública. Enfim, espero que possamos avaliar positivamente o ano de 2016.

Um grande abraço aos amigos virtuais ou presenciais. Que 2016 seja repleto de paz, saúde, e felicidade em nossas vidas e corações. 



quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

FELIZ NATAL


O natal é um momento especial para nos aproximarmos dos nossos entes mais queridos e demonstrarmos nossos sentimentos. É tempo de compartilhamos esperança, desejo de dias melhores e verdadeiramente cristãos. Cristo foi um exemplo de vida, de despojar de bens materiais, de se aproximar do lado espiritual. Que possamos fazer de nossas vidas uma semente dos passos de Jesus, uma caminhada sem preconceitos, com humanidade, com amor ao próximo. Desejo a vocês amigos e amigas, companheiros de trabalho, estudo, do cotidiano, ou mesmo deste mundo virtual; muita paz, saúde, paixão e felicidade ampla, geral e irrestrita. Feliz Natal.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

SABEDORIA POR RAYMUNDO FAORO


"Passiva e calada a base virá na superfície, descendo sobre os chefes regionais, o poder estatal reconstruído, com outros senhores. Mas, para a empresa reclamada pelo desequilíbrio social, o poder central não há de ser apenas o Catete, na versão autoritária dos três presidentes que encerram a República Velha. Não será o presidente fazedor de sucessores o que virá, mas o presidente que, para manter o poder, reformulará o poder, para a proteção, o fomento e a tutela. A hora da agonia está próxima, silenciosa como todas as horas decisivas."

Raymundo Faoro (foto), trecho de "Os donos do Poder", relatando a iminência da chegada ao poder de Getúlio Vargas. 

OS DONOS DO PODER / RAYMUNDO FAORO


Conclui mais uma leitura magistral. Tratou-se do clássico livro "Os donos do Poder" de Raymundo Faoro. Trata-se de uma leitura densa, com a descrição da apropriação do poder ao longo da história brasileira, inclusive com ampla retratação de sua utilização em Portugal. As mais de 800 páginas são imperdíveis. Quem de me dera poder escrever com tal desenvoltura e conhecimento. A ler e reler sempre. Livro que não pode faltar em qualquer biblioteca. 

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

SAUDADES DEPUTADO WELLINGTON LANDIM


Acho que o Estado do Ceará está sentindo a ausência da voz do deputado Wellington Landim na discussão dos temas emergentes e cruciais para os cearenses. Falo isto devido ao fato do parlamentar ter sido, ao longo de sua trajetória, o grande animador e entusiasta nas questões relacionadas à convivência com a seca.

Pessoalmente acho que o parlamento cearense está mais pobre e menos altivo sem sua presença. Lembro de sua luta constante, permanente, na defesa da transposição do Rio São Francisco. Em seus discursos estava sempre presente em suas preocupações a convivência com a seca no Nordeste. Era intransigente defensor da zona rural, das melhorias para a população carente de nosso estado.

Conheci Wellington quando estava exercendo a presidência da Câmara de Quixadá. Em comunhão com a Assembléia Legislativa, a Câmara promoveu debate sobre a situação das dividas dos agricultores. O local foi o Balneário Cedro Clube e ele ficou apinhado de autoridades, populares e agropecuaristas. Haviam muitos oradores para falar, entre deputados federais, estaduais, prefeitos e vereadores. O Presidente Wellington conduziu com maestria o debate. Sem cercear a palavra de ninguém imprimiu autoridade para que a objetividade reinasse. Todas as partes falaram sem que a duração do evento o esvaziasse, além dos devidos encaminhamentos legais e oportunos. Vendo sua energia e racionalidade, fiquei a pensar se quem dera um dia chegasse a seu nível.

Em seu mandato como presidente da Assembleia, as câmaras municipais tiveram um parceiro na capacitação, orientação e apoio tecnológico. Destaco ainda como realizações como presidente o programa "Conhecendo o parlamento", o PROCON e o Escritório Frei Tito de Direitos Humanos. Era altivo em defesa do que acreditava, se contrapondo, caso necessário, a oposicionistas partidários e até aliados. 

No período em que trabalhei na Secretaria do Desenvolvimento Agrário mantive muitos contatos com Wellington. Seus telefonemas e visitas se endereçavam a garantir recursos e agilidade nos processos para sua terra querida, que era Brejo Santo. Seus pedidos não eram para a obtenção de ações escusas, muito pelo contrário, o respeito à legalidade estava sempre presente. Queria mesmo era agilidade e eficiência no trato da Administração Pública com seus cidadãos.

Nunca tive ligações políticas com Wellington mas aprendi a respeitar o político dedicado que era; o deputado sempre aberto ao debate, o homem que demonstrava atenção a sua família e sua gente. 

Sou uma pessoa que dificilmente se emociona. Raro chorar. Derramei lágrimas ao me despedir de Wellington. Não me contive. Ao reencontrar pessoas que com ele trabalharam, refletimos: perdemos um amigo. 

O tempo passou. Renovo a frase. O Ceará perdeu um amigo das horas difíceis. Saudades Deputado Wellington Landim.     

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

A LUTA PELA QUALIDADE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


No meio da leitura da densa e magistral escrita de Raymundo Faoro no clássico "Os donos do Poder", tenho me ´permitido diversificar com leitura de outros livros voltados para a Administração Pública e finanças. Concluí a leitura de tomo de autoria de Victor Mirshawka que tem como título: A luta pela qualidade na administração pública com enfase na gestão municipal. 

A leitura é leve. Inicia com depoimentos de gestores municipais, explanando sobre suas experiências na gestão municipal. Os gestores citam que o êxito de uma gestão depende de planejamento, boa equipe, organização financeira, modernização, capacitação dos recursos humanos, além de introduzirem o tema sustentabilidade. 

Trata-se de uma boa leitura, com frases de personalidades da história mundial a reforçar os argumentos voltados para enfatizar a necessária qualidade na Administração Pública. Sua busca através da melhoria constante é uma máxima do livro. Apresenta as ideias de William Edwards Deming como imprescindíveis para uma boa gestão pública.

Segundo Deming: "Um critério útil para identificação de um desempenho excelente é a demonstração inquestionável de um contínuo aperfeiçoamento ano após ano, num período de sete anos ou mais, da habilidade, do conhecimento, e da capacidade de liderar". Na verdade, o programa GESPÚBLICA desenvolvido pelo Governo Federal no sentido de disseminar a cultura da qualidade na administração pública tem como princípio a busca da melhoria contínua, com indicadores de medição e comparação a serem aferidos anualmente. 

O livro elenca casos históricos de desperdícios como a perda na gestão da água; na construção civil; e de alimentos na logística, armazenamento e em sua comercialização. Ainda propõe mecanismos de inclusão da qualidade no setor educacional. 

Vale a pena conferir sua leitura. Trata-se de leitura introdutória, mas de excelente nível, para quem deseja enveredar pela área pública. Concluo reproduzindo frase de Confúcio e que foi citada pelo professor Cláudio Lembo em seu artigo no livro: "Se o homem justo existe, o governo é próspero, se o homem justo não existe, o bom governo está acabado". 

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

O GASTO PÚBLICO NO BRASIL


O tema da minha dissertação de mestrado envolve a forma como estão sendo aplicados os recursos públicos pelos municípios cearenses. Há muito tempo esta temática tem me chamado a atenção. Constata-se, sem necessitar muito aprofundamento, que os municípios arrecadam mal e gastam pior ainda. A alegativa das constantes crises econômicas para a escassez de recursos, em grande parte dos casos, é mero pretexto para justificar a ineficiência e a letargia das gestões.

Na verdade faltam bons projetos aos gestores municipais para modificar a história de suas cidades. Além disso, escolhem seus principais assessores sem privilegiar minimamente o critério competência. A ênfase de critérios políticos e de "amizade" se sobrepõem a escolhas técnicas. A ineficiência na arrecadação dos chamados tributos próprios, até mesmo em municípios de porte médio, demonstra a qualidade dos gestores nas cidades. 

De forma contrária a esta regra, há municípios que tem conseguido romper este obscurantismo e melhorar sua arrecadação. Com ações até simples tem conseguido avanços contínuos na área tributária. Segredos não existem para isto: bom secretário de finanças, planejamento, legislação atualizada, capacitação dos servidores, boa remuneração e estrutura (espaço físico, sistemas informatizados, sítio moderno e criativo). E isto tudo com o principal: vontade política de arrecadar. 

Ocorre que não há vontade política e nem perspicácia na maioria dos gestores públicos para modificar o atual quadro das cidades brasileiras. O patrimonialismo ainda resiste ao tempo, entranhado nas veias das administrações públicas. O clientelismo, figura viva e nefasta, continua firme nas atividades políticas pelo Brasil afora. 

Os autores do livro "O Gasto Público no Brasil", os quais são Júlio Brunet, Ana Maria Berté e Clayton Brito Borges, relatam que há um problema de contrato:

"De fundo, tem-se um problema de contratos. A população, ao eleger seus governantes (contratá-los), não sabe o que está adquirindo em oferta de bens e serviços e de produtos e resultados que lhe serão entregues. Os governantes, como gestores dos meios físicos e financeiros, também não tem ideia do que recebem e do que devem entregar à população (embora saibam da precariedade dos serviços que entregam).

A frase pode ser forte, mas, em geral, a decisão pelo voto nem sempre leva em conta uma avaliação dos resultados dos programas e ações de governo, e nas administrações estaduais, as constantes alterações do corpo diretivo se traduzem em baixa memória na gestão dos negócios públicos e em repetitivos desmantelamentos das estruturas técnicas em que atuam os servidores públicos. Pelo lado do governante, temos a teoria da escolha pública, segundo a qual ele opta pelos interesses mais organizados e presentes em detrimento dos interesses difusos da população - escolhendo também o mais curto do que o longo prazo. Some-se a isso o fato de que os partidos políticos não treinam quadros técnicos entre seus militantes para os postos administrativos, apontando para os cargos diretivos pessoal despreparado para as funções que vai assumir."

O livro faz uma análise de diferentes políticas públicas no nosso país. Pelas suas páginas compreende-se que nem sempre uma política pública com mais recursos implica melhor resultado. Na maioria dos casos não. Mais recursos muitas vezes compreende mais desperdício e ineficiência. Projetos com menos recursos tem surpreendido com melhores resultados e qualidade. 

Na verdade enfrentamos em todas as análises e vertentes um problema de gestão. A pergunta é se a sociedade brasileira está disposta a romper o paradigma de escolher um prefeito "amigo" e passar a escolher bons gestores para suas cidades? O tempo responderá.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

GASTOS PÚBLICOS - SABEDORIA POR RÉGIS FERNANDES DE OLIVEIRA


Concluí a leitura de "Gastos Públicos" do Prof. Régis Fernandes de Oliveira (USP). O final do livro traz de certa forma um apelo para que os Tribunais de Contas atuem com mais eficiência no controle dos gastos públicos e em especial na execução do serviço público. Reproduzo parte do texto abaixo: 

"Os Tribunais de Contas tem a missão constitucional de evitar todo e qualquer desmando e todo e qualquer desvio de recursos públicos. Basta querer. Competente é. Na medida em que alterar sua compreensão do problema do controle e passar a entender que o controle do mínimo é relevante, assumirá outra dimensão política na estrutura e na organização dos poderes do Estado.

O Tribunal de Contas tem dignidade constitucional e competência própria, insuprimível por quem quer que seja e insubstituível por qualquer outro órgão ou poder. A partir dai tem de se agigantar como um dos órgãos constitucionais do exercício do poder para interferir onde e quando for necessário para impedir qualquer desvio de recursos.

Sugere-se, pois, que realize inspeções em hospitais, creches, escolas, verificando todo e qualquer gasto, o  mínimo para conferir sua exatidão. Não apenas papéis e contratos, mas verificar como as coisas acontecem. (...) O que vale é o olhar social sobre as situações da vida para que se afiram as condições de execução das políticas públicas."

O Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará tem introduzido em suas inspeções a análise do funcionamento dos serviços públicos, em especial na área da saúde, educação e assistência social. Tive a oportunidade de participar de inspeções em que a política pública e seus mecanismos de controle tem sido avaliados, propiciando um outro olhar sobre a gestão pública, não somente na análise de processos licitatórios e da fria prestação de contas. Afinal, economicidade não é somente a busca pelo menor preço, mas também a utilização dos meios mais adequados à circunstância do gasto. 

O autor na verdade não busca que o controle venha a incidir em todos os pormenores, mas buscar a efetividade da política pública. De que adianta uma prestação de contas sem erros contábeis e de obediência às normas legais, se os serviços prestados por aquele município não conseguem atender minimamente aos anseios da sociedade? São os desafios de uma sociedade cada vez mais exigente e sabedora de seus direitos que pauta dos órgãos de controle um novo caminho. 


terça-feira, 6 de outubro de 2015

SABEDORIA POR DARCY RIBEIRO


"Na verdade das coisas, o que somos é a nova Roma. Uma Roma tardia e tropical. O Brasil é já a maior das nações neolatinas, pela magnitude populacional, e começa a sê-lo também por sua criatividade artística e cultural. Precisa sê-lo no domínio da tecnologia da futura civilização, para se fazer uma potência econômica, de progresso auto sustentado. Estamos nos construindo na luta para florescer amanhã como uma nova civilização, mestiça e tropical, orgulhosa de si mesma. Mais alegre, porque mais sofrida. Melhor, porque incorpora em si mais humanidades. Mais generosa, porque aberta à convivência com todas as raças e todas as culturas e porque assentada na mais bela e luminosa província da Terra."

Darcy Ribeiro

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

O POVO BRASILEIRO / DARCY RIBEIRO


Concluí mais uma leitura magistral: O Povo Brasileiro, de Darcy Ribeiro. Mesmo já lido diversos livros que analisam a evolução do povo brasileiro, não há como não se surpreender com as páginas escritas por Darcy. O genocídio dos índios é tratado de forma diferenciada, a narrativa sobre a lenta agonia dos negros no Brasil também. A miscigenação dos brancos com os negros e índios faz nascer o personagem brasileiro como nunca se viu na história mundial relata o autor. Vale a pena percorrer suas páginas. A ler e guardar na memória as páginas deste imortal chamado Darcy Ribeiro.

SABEDORIA POR ALBERT SCHWEITZER


"Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da Criação, seja animal ou vegetal, ninguém precisará ensiná-lo a amar seu semelhante."

Albert Schweitzer

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

FUNDAÇÃO CULTURAL DE QUIXADÁ - ALGUMAS REFLEXÕES


Tenho acompanhado com pesar a via crucis por que passa a cidade de Quixadá com o descalabro administrativo reinante. Não obstante as notícias cotidianas de atraso no salário de servidores, descontos de consignados não repassados com prejuízos aos funcionários que ficaram com nome negativado; de problemas graves na saúde; na limpeza urbana; entre outros tantos. Agora chega o relato da extinção da Fundação Cultural de Quixadá. 

Na verdade, extinguir o órgão de cultural municipal pouco vai acrescentar na solução dos graves problemas financeiros do município. Apenas os vencimentos do secretário e o contrato de contabilidade respectivo não se constitui de valor considerável. E seria esta talvez a única economia.

Entretanto, o maior prejuízo seria para a cultura da cidade como um todo, pois se perderia seu órgão difusor e gestor. Fui de uma época em que a Secretaria de Cultura, nesta mesma justificativa, foi extinta. Sabem o que aconteceu? Mesmo as pequenas ações culturais se dissiparam. Nada mais aconteceu na área cultural. 

Em 1992, com a vitória do PT nas eleições, participei de grupo de trabalho que fez uma análise do setor esportivo e cultural. A conclusão foi que seria necessário a recriação da Secretaria de Cultura. E assim foi recriada com a denominação de Secretaria de Cultura, Turismo e Desporto. Mesmo com todas as dificuldades aconteceram frutos, não do jeito que almejávamos, pois sempre faltaram recursos para os muitos planos e aspirações do setor. Relembro alguns no período de 1993 a 1996, quando fui secretário: reedição do livro "Eu sou o Cego Aderaldo", renovação do acervo da Biblioteca Pública, aquisição de novos equipamentos e fardamentos para a Banda de Música de Quixadá, realização do Festival de Músicas Infantis Canta Criança, realização do Mapeamento Cultural do Município, reforma do Museu Histórico de Quixadá, realização da Caravana da Cultura nos bairros e distritos de Quixadá (exposições, apresentação de bonequeiros, seresteiros, cantadores de viola, da banda de música, etc), entre muitas outras atividades, oficinas e cursos realizados. 

Havia a demanda de termos um espaço da cultura da cidade. Não veio rápido. Foram anos de espera, mas chegou em grande estilo. E veio praticamente junto com a transformação da Secretaria de Cultura em uma Fundação. Recordo-me com carinho e nostalgia a inauguração da Praça da Cultura, com o prédio onde funciona a Fundação Cultural e a recuperação do Chalé da Pedra. Foi uma festa inesquecível para os amantes da cultura e de Quixadá. 

Uma área degradada tornava-se o entreposto cultural da cidade. A Banda Contato Imediato com o vocal de Guaracy Freitas e Neto Inácio abriu a parte musical. Depois veio Belchior em brilhante apresentação saudando os novos tempos para a cultura. Nos dias seguintes aquele espaço recebeu o evento denominado "Quixadá, Arte e Cultura". Bandas de músicas, corais, seresteiros, cantadores de viola, teatro, grupos de rock, exposições de arte e oficinas abrilhantaram os dias e as noites quixadaenses.

A Fundação Cultural não ficou apenas na promoção de eventos. Se expandiu na formação de talentos artísticos. Moldou com certeza uma nova geração de jovens artistas. 

Este espaço, construído sob as mãos, a alma e os pensamentos de tanta gente, não pode perder seu órgão gestor. 

A alegativa de que hoje não tem grandes atividades e que poderia ser extinta a troco da economia financeira é fruto da miopia administrativa e cultural. 

A cidade precisa da Fundação Cultural. Não pode perder esta identidade. Com mobilização, sua extinção vai ser esquecida para nunca mais ser lembrada. Afinal, os governantes passam, mas a cidade permanece. E cidade é cultura, é arte, é povo. E o povo não vai ser suplantado por burocratas e incompetentes.

Viva a cultura. Viva a Fundação Cultural de Quixadá. 

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

SABEDORIA POR PAULO FREIRE


"A existência, porque humana, não pode ser muda, silenciosa, nem tampouco pode nutrir-se de falsas palavras, mas de palavras verdadeiras, com que os homens transformam o mundo. Existir, humanamente, é pronunciar o mundo, é modificá-lo."

Paulo Freire (foto)

PEDAGOGIA DO OPRIMIDO / PAULO FREIRE


Mais um que concluí a leitura. Livro histórico que apresentou as bases para uma alfabetização em que os participantes não aprenderiam apenas a ler, mas ter ciência dos seus direitos e deveres, além do seu papel como força ativa para transformação da sociedade. Um livro marcante para reforçar as nossas energias em fazer o bem e a transformar. Outra leitura imperdível.

SABEDORIA POR JOSUÉ DE CASTRO


"Crescer é uma coisa. Desenvolver-se é outra."

Josué de Castro

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

SABEDORIA POR JOSÉ MURILO DE CARVALHO


"O arquivo de Rui Barbosa é exemplar: durante seu período como ministro da Fazenda, talvez mais da metade da correspondência que recebia se referia a pedidos de favores e empregos. Os pedidos vinham de todos os lados e muitos eram transmitidos por seus próprios colegas de ministério, como Benjamin Constant, Campos Sales, Francisco Glicério. Não faltavam mesmo pedidos de Floriano e Deodoro. O único diretor de repartição que se rebelou contra esta prática, insistindo em colocar o mérito acima do empenho, foi tido como insano pelo secretário de gabinete de Rui Barbosa."

José Murilo de Carvalho (foto), em trecho de "Os Bestializados". Não tão diferente dos dias atuais.

OS BESTIALIZADOS: O RIO DE JANEIRO E A REPÚBLICA QUE NÃO FOI / JOSÉ MURILO DE CARVALHO


Foi o segundo livro de José Murilo de Carvalho que li. Neste aborda o alvorecer da cidadania no Brasil a partir de sua capital e seus habitantes: Rio de Janeiro. Transpassa pela proclamação da República, seus protagonistas, mas com uma ausência notável: o povo. Disserta sobre a abstenção eleitoral persistente e sobre a curiosa "Revolta da Vacina". Vale a pena conferir este livro de 186 páginas com linguagem de fácil entendimento. Vale a pena conferir.

SABEDORIA POR CLIVE PONTING


"Em todo o mundo há comida suficiente para dar um nível adequado de alimentação a todos os seus habitantes; o problema é sua desigual distribuição. Os habitantes dos países industrializados consomem a metade dos alimentos mundiais enquanto só constituem a quarta parte da população mundial."

Clive Ponting

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

SABEDORIA POR BRESSER PEREIRA


"Nenhum país rico fez tamanha violência: privatizar a previdência básica. Outro exemplo é o da desnacionalização dos bancos de varejo: nenhum dos grandes países ricos permite que isso ocorra e, no entanto, aqui no Brasil o processo vai de vento em popa, sem nenhuma resistência de nossas elites e de nosso governo. Outro caso dramático de exportação de ideologia é aquele que condena as políticas industriais. Em nome do livre comércio, os países ricos criticam veementemente essas políticas, enquanto as praticam sem a menor cerimônia. A condenação, porém, faz efeito ao manter muitos dos países periféricos imobilizados. Um último exemplo dessa alienação das elites brasileiras está em aceitarem a tese da - escola da escolha pública - segundo a qual o grande problema da economia brasileira estaria na burocracia pública brasileira, no Estado, nos seus servidores e políticos, e não nas políticas econômicas equivocadas que são adotadas como fruto da dependência e do populismo econômico."

Luiz Carlos Bresser Pereira, trecho do livro "A construção política do Brasil. Sociedade, economia e Estado desde a Independência.

A CONSTRUÇÃO POLÍTICA DO BRASIL / LUIZ CARLOS BRESSER PEREIRA


Terminei a leitura do livro "A construção política do Brasil", livro mais recente do genial Bresser Pereira (foto). Analisa a evolução do nosso país desde a independência até os dias atuais. Como cidadão ativo que foi de nossa história, consegue didaticamente relatar os percalços e acertos dos nossos governantes. Expõe com clareza seus pontos de vista sobre o Brasil, sobre as alternativas para seu desenvolvimento. Vale a pena conferir. Agora coloquei como meta assistir a uma de suas palestras. 

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

SABEDORIA POR PER ALBIN HANSSON


"Um bom lar não tem membros privilegiados ou rejeitados; não tem favoritos nem filhos postiços. Nele, uma pessoa não olha para a outra com desdém; nele, ninguém tenta obter vantagens à custa do outro; nele, o forte não oprime nem rouba o fraco. Em um bom lar existe igualdade."

Per Albin Hansson, ex-primeiro ministro da Suécia (foto)
Extraído do livro: "Um país sem excelências e mordomias" de Cláudia Wallin

SABEDORIA POR INDIRA GANDHI


"O planeta possui recursos para alimentar a todos, mas não para saciar a cobiça de todos."

Indira Gandhi

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

BANDEIRANTES E PIONEIROS / VIANNA MOOG

Concluí mais um livro magistral para compreender o nosso pais. Desta feita, viajei nas páginas de "Bandeirantes e Pioneiros" de Vianna Moog. Trata-se de estudo sobre o desenvolvimento de duas sociedades: a brasileira e a americana. A leitura é de fácil compreensão, trazendo inclusive relatos curiosos sobre a nossa história como a Fordlândia na Amazônia, a vida de Abraham Lincoln e a do nosso Aleijadinho. 

Estabelece comparações entre a formação do Brasil e a dos Estados Unidos, com análise sobre o desenvolvimento dos dois países e suas peculiaridades. Desfaz mitos, como o de que se nosso país tivesse sido colonizado por ingleses teríamos melhor destino. Na verdade, apresenta as inúmeras dificuldades para o desenvolvimento brasileiro, bem como a forma como o Brasil foi explorado pela metrópole portuguesa.

Trata-se de um clássico e os clássicos permanecem incrivelmente atuais, apesar de ter sido escrito na década de 1950. A ler e reler.

SABEDORIA POR HESIODO


"É muito melhor compartilhar que guardar tudo para si".

Hesíodo

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

SABEDORIA POR CAIO PRADO JR.


"De alto a baixo na escala administrativa, com raras exceções, é a mais grosseira imoralidade e corrupção que domina desbragadamente. (...) Os mais honestos e dignos delegados da administração régia são aqueles que não embolsam sumariamente os bens públicos, ou não usam dos cargos para especulações privadas; porque de diligência e bom cumprimento dos deveres, nem se pode cogitar."

Caio Prado Jr,(foto) em comentário sobre a administração no Brasil Colônia.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

SABEDORIA POR JOÃO UBALDO RIBEIRO


"Mas é trabalho! Tudo neste mundo se consegue com trabalho e quem é preto consegue menos com muito mais trabalho, então de trabalhar multiplicado e trabalhar em todos os trabalhos e trabalhar o tempo todo e trabalhar sem distrair e sempre acreditar que alguém quer tomar o resultado do trabalho."

Personagem Nego Leléu em "Viva o povo brasileiro"
João Ubaldo Ribeiro (foto)

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

FORMAÇÃO DO BRASIL CONTEMPORÂNEO / CAIO PRADO JR.

Percorri mais um degrau na leitura dos livros clássicos para entender o nosso país. Desta feita folheei as páginas elucidativas de Caio Prado Jr. A forma tranquila e didática com que o autor disserta sobre a nossa história prende a leitura. Já tinha lido História Econômica do Brasil do mesmo autor, mas sem dúvida "Formação Econômica do Brasil Contemporâneo" é sua obra prima. Leitura obrigatória.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

FÉRIAS, BELAS FÉRIAS QUE SE FORAM


Nas últimas semanas curti merecidas férias. Fazia muito tempo que não descansava tanto tempo. Os trabalhos anteriores não permitiam. Na política sempre tem algo importante, no Governo do Estado nunca falta o que fazer. E os meus chefes não permitiam descanso.

Foram portanto trinta dias de deleite por este belo e caloroso Ceará. 

Pulei de uma serra para outra em uma tirolesa no Maranguape. Deu um frio na espinha, mas fui mesmo assim. Durou pouco a viagem. Contudo, deu para apreciar a paisagem e a sensação de voar. Não parei por ai, andei de lancha com emoção, de caiaque, de prancha, fiquei de cabeça para baixo e cansei literalmente ao final do dia.

Fui ao alvorecer da liberdade em Redenção. Percorri pela aprazível e fria serra. Em Mulungu pernoitei e degustei da sua pacata tranquilidade. Em Guaramiranga tomei chocolate quente, encontrei amigos e namorei por suas ruas.

Na Parnaíba, que foi do Ceará e agora é Piauí, curti um passeio inesquecível pelo Delta. Presenciei o encontro do rio com o mar. Tomei banho na água fresca de suas piscinas naturais e apreciei a culinária local de caranguejo, peixe e camarão. Não aguentei da beleza do lugar e prorroguei a estadia, afinal tinha que conhecer a Praia do Atalaia e circular pelos belos casarões da cidade.

Continuei a viagem e circulei pelo famoso "Beco do Cotovelo" de Sobral. Comi torresmo, galinha caipira e provei da culinária mineira-sobralense. Apreciei a arte sacra da história, revi amigos e amigas e tomei muita cerveja para aguentar o sol acolhedor da Princesa do Norte. 

Segui viagem e cheguei ao Cariri. Fiz novos colegas, e entre eles estava Ronaldo Angelim, aquele mesmo herói do Flamengo e do meu Fortaleza. Percorri os passos de Padre Cícero em Juazeiro do Norte, constatando o grande empreendedor e visionário que foi. Contemplei sua estátua, a beleza do artesanato e da sua cultura genuinamente nordestina. 

Fui a Fundação Casa Grande em Nova Olinda ver que é possível mudar a cara do Brasil com responsabilidade, persistência e muitos sonhos na cabeça. Belo sonho que se tornou realidade nas mãos de Alemberg Quindins. Em Santana do Cariri contemplei a beleza surreal de sua vista lá do Pontal de Santa Cruz. Voltei em imaginação ao passado nas exposições de fósseis. 

No Crato circulei pelas suas belas praças. Em Barbalha bati na porta de seus casarões. Tomei cerveja, vinho e cachaça. Apreciei a hospitalidade do povo caririense. Vou voltar lá, Faltou conhecer tanta coisa. Não fui a Assaré, relembrar de Patativa. Também não fui a Exu rever o Mestre Luiz Gonzaga. Contudo, mergulhei nas águas das fontes do Caldas em Barbalha e retornei a Fortaleza com energia renovada para voltar ao trabalho e aos estudos. Aliás, dos estudos não parei. Foram cinco livros nestas férias. Chandler, Celso Furtado e João Ubaldo Ribeiro passaram pelos meus olhos. 

Arranjei tempo ainda para ir ao Centro de Fortaleza. Casa Juvenal Galeno, Praça do Ferreira, Sobrado Dr.José Lourenço, Praça dos Mártires, Igreja Coração de Jesus. Circulei por lá um dia inteiro. O Centro permanece vivo e atrativo, mas precisa de mais atenção das autoridades. Revivi os tempos que por lá circulava segurando a mão do meu pai. Eita saudade grande! 

Faltava ir ao Quixadá. Fui, revi amigos e amigas. Entretanto, faltou rever muita gente. Retornei de lá com saudade das conversas e dos bate papos nas ruas e praças. Daqui a pouco retorno por lá, pois lá deixei parte do meu coração.

Foto: Mulungu (CE)

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

VIVA O POVO BRASILEIRO / JOÃO UBALDO RIBEIRO


Concluí agorinha um dos livros que considero clássicos para entender o país. Apesar de extenso (possui mais de 650 páginas e uma grande quantidade de personagens) o livro cativa pois possui tipos memoráveis, exatamente a cara do brasileiro. Ladrões, devassos, reacionários, apaixonados, revolucionários; encontramos de todos os tipos nas páginas do livro.  E todos incrivelmente brasileiros e atuais. Passear pelas páginas de "Viva o povo brasileiro" é encontrar nossas raízes. 

SABEDORIA POR MOISÉS NAIM


"É claro que demagogos, charlatães e vendedores de poções mágicas não são novidade; a história está repleta de exemplos de pessoas que conquistaram e se mantiveram no poder, com consequências desastrosas. O que é novo é um ambiente onde alcançar o poder ficou mais fácil para os recém-chegados - incluindo os que trazem ideias nocivas."

Moisés Naim - extraído do livro "O fim do poder".

O FIM DO PODER / MOISES NAIM


Concluí a leitura do livro "O fim do poder" de Moisés Naim. O livro faz toda uma retrospectiva sobre a origem do poder e o seu desgaste nas últimas décadas. Quem exerce o poder atualmente não o faz com a mesma abrangência de tempos atrás. O crescimento de pessoas alfabetizadas, com educação mais ampla; a mobilidade na circulação de pessoas pelos países, bem como a mudança da mentalidade tem propiciado uma redução substancial da amplitude de quem exerce cargos nos mais diversos governos, seja em quaisquer dos poderes. As mídias sociais também estão interferindo em propiciar este quadro de degeneração gradativa do poder. A ler para entender as transformações do mundo atual.

SABEDORIA POR CELSO FURTADO

"Não há ideias do passado nem do presente. Há ideias certas e erradas.

Celso Furtado (foto)

FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL / CELSO FURTADO

Durante as férias conclui a leitura do livro "Formação Econômica do Brasil" de Celso Furtado. Os catedráticos afirmam que esta é uma das leituras obrigatórias para compreender o Brasil Realmente o é. A linguagem é de fácil compreensão e demonstra ao longo da história a evolução econômica de nosso país. Ele foi escrito com ideia de para mostrar aos estrangeiros o Brasil, mas acabou se tornando passagem obrigatória para os estudiosos do nosso país. 

terça-feira, 16 de junho de 2015

CARNAVAIS, MALANDROS E HERÓIS / ROBERTO DA MATTA

Dentro do meu périplo no mestrado, estou no desafio de ler os clássicos para compreender o Brasil. Acabei de ler o livro mais famoso de Roberto da Matta: Carnavais, malandros e heróis. A partir da análise de nossos principais eventos busca-se entender este nosso país, tão cheio de nuances, preconceitos, criatividades e paixões. Aborda-se os carnavais, as paradas, a procissões; dentro de um viés para compreender a hierarquia, a desigualdade, e é claro nossa cultura. O "sabe com quem está falando", tão presente em nosso cotidiano, recebe uma atenção especial. O lado malandro do brasileiro é abordado de forma diferenciada. Na verdade, o autor nos coloca para pensar sobre o significado do que está ao nosso redor. A ver e guardar na prateleira para sempre dar uma olhadinha. 

SABEDORIA POR FERNANDO PESSOA

"Encontrei hoje em ruas, separadamente, dois amigos meus que se haviam zangado um com o outro. Cada um me contou a narrativa de por que se haviam zangado. Cada um me disse a verdade. Cada um me contou as suas razões. Ambos tinham razão. Não era que um via uma coisa e outro outra, ou que um via um lado das coisas e outro um outro lado diferente. Não: cada um via as coisas exatamente como se haviam passado, cada um as via com um critério idêntico ao do outro, mas cada um via uma coisa diferente, e cada um, portanto, tinha razão. Fiquei confuso desta dupla existência da verdade."

Fernando Pessoa

segunda-feira, 8 de junho de 2015

SABEDORIA POR GILBERTO FREYRE

"Temos no Brasil dois modos de colocar pronomes, enquanto o português só admite um - o "modo duro e imperativo": diga-me, faça-me, espere-me. Sem desprezarmos o modo português, criamos um novo, inteiramente nosso, caracteristicamente brasileiro: me diga, me faça, me espere. Modo bom, doce, de pedido. E servimo-nos dos dois. Ora, esses modos antagônicos de expressão, conforme necessidade de mando ou cerimônia, por um lado, e de intimidade ou de súplica, por outro, parecem-nos bem típicos das relações psicológicas que se desenvolveram através de nossa formação patrimonial entre os senhores e os escravos: entre as sinhá-moças e as mucamas; entre os brancos e os pretos. "Faça-me, é o senhor falando; o pai; o patriarca; "me dê", é o escravo, a mulher, o filho, a mucama."

Gilberto Freyre, em Casa Grande e Senzala, p. 418.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

CASA GRANDE E SENZALA POR GILBERTO FREYRE


O tempo está curto e tenho passado pouco tempo nas escritas. O mestrado exige muita leitura e mesmo já pertinho do fim em relação às disciplinas, uma longa jornada ainda se inicia, que é a dissertação. Em sua preparação tenho procurado ler os livros considerados clássicos para entender o nosso país. 

Conclui a leitura magistral do livro "Casa Grande e Senzala" do não menos genial Gilberto Freyre. Confesso que pela sua importância qualquer brasileiro deveria lê-lo. Compreenderíamos que o Brasil é fruto da miscigenação de negros, índios e brancos em sua forma mais radical. Entenderíamos que o preconceito de raça ainda forte em nosso cotidiano não tem a mínima razão de ser. Todos temos no nosso sangue e na nossa alma contribuições destas maravilhosas raças. A nossa alegria, a nossa tristeza, o nosso gosto culinário, o nosso trato, o nosso vestir; enfim tudo é fruto desta conjunção de culturas e raças.

O livro, apesar dos seus mais de 80 anos da publicação, persiste atual, além de mostrar a trajetória de nossa história. Há erros e elucubrações, claro que há. Entretanto, muitos acertos no seu relato belo, real, cruel às vezes, de nossos antepassados. A ler e reler. 

sexta-feira, 24 de abril de 2015

SABEDORIA POR JOSÉ MURILO DE CARVALHO


"A representação política não funciona para resolver os grandes problemas da maior parte da população. O papel dos legisladores reduz-se, para a maioria dos votantes, ao de intermediários de favores pessoais perante o executivo. O eleitor vota no deputado em troca de promessas de favores pessoais; o deputado apoia o governo em troca de cargos e verbas para distribuir entre os eleitores. Cria-se uma esquizofrenia política: os eleitores desprezam os políticos, mas continuam votando neles na esperança de benefícios pessoais."

José Murilo de Carvalho (foto)

CIDADANIA NO BRASIL - O LONGO CAMINHO / JOSÉ MURILO DE CARVALHO


Concluí mais uma leitura da magistral e prazerosa travessia visando a elaboração de minha dissertação no mestrado. Desta vez foi o livro "Cidadania no Brasil" de José Murilo de Carvalho. Em leitura clara e agradável, o autor passeia pelos anos de nossa história mostrando a lenta evolução dos direitos políticos e sociais no país. Trata-se de tomo imprescindível para compreender o país Brasil. A ler por obrigação, para quem quiser verdadeiramente discutir nosso habitat nacional.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

O ABOLICIONISMO / JOAQUIM NABUCO


Concluí a leitura de um dos livros clássicos para entender o Brasil. Escrito em 1883 trata-se de um libelo na defesa do fim da escravidão no Brasil. Faz uma crítica contundente dos setores refratários à abolição, inclusive trata da omissão da Igreja. É uma ampla justificativa na busca de convencer a sociedade conservadora brasileira dos males da escravidão, E como havia pessoas a defender esta chaga que ainda marca o nosso país. A ler e rever. Uma saudação ao imortal escritor Joaquim Nabuco por esta obra prima.

terça-feira, 14 de abril de 2015

LIVROS PARA COMPREENDER O BRASIL


Estou chegando ao final das cadeiras do curso de mestrado de Planejamento e Políticas Públicas. Presenciando as exposições dos dignos mestres, me fui despertado em fazer a leitura de obras referenciais para entender a formação de nosso país. Longe de mim de estabelecer um roteiro próprio para compreender o Brasil, mas relaciono aqui leituras que julgo fundamentais para a formação de uma consciência crítica sobre sua instituição. Baseio-me em minhas percepções, nas opiniões de pensadores, e dos professores do mestrado. Ela não está completa, mas reflete um começo de estudo necessário para historiadores, para idealistas, para cidadãos. Esta lista está colocada como minha meta atual de leitura, antes de iniciar a escrita de minha dissertação.

OBRAS:

O Abolicionismo - Joaquim Nabuco*
Os Donos do Poder - Raymundo Faoro*
Casa Grande e Senzala - Gilberto Freyre*
Os Sertões - Euclides da Cunha*
Formação do Brasil Contemporâneo - Caio Prado Jr.*
Raízes do Brasil - Sérgio Buarque de Holanda*
Coronelismo, enxada e voto - Victor Nunes Leal*
História Econômica do Brasil - Caio Prado Jr.*
Capítulos da História Colonial - J. Capistrano de Abreu*
O Povo Brasileiro - Darcy Ribeiro*
Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado*
Carnavais, malandros e heróis - Roberto da Matta*
Cidadania no Brasil - José Murilo de Carvalho*
A Construção Política do Brasil - Bresser Pereira* 
Viva o povo brasileiro - João Ubaldo Ribeiro*
Sobrados e mucambos - Gilberto Freyre
Getúlio - Lira Neto - 3 vol.*
A Revolução burguesa no Brasil - Florestan Fernandes*
Dom João VI no Brasil - Oliveira Viana
Chatô - o Rei do Brasil - Fernando Morais*

obs: (*) livros que já tive o prazer de degustar sua leitura nesta jornada. 

SABEDORIA POR JOAQUIM NABUCO


"A deserção, pelo nosso clero, do posto que o Evangelho lhe marcou, foi a mais vergonhosa possível: ninguém o viu tomar a parte dos escravos, fazer uso da religião para suavizar-lhes o cativeiro, e para dizer a verdade moral aos senhores. Nenhum padre tentou, nunca, impedir um leilão de escravos, nem condenou o regimen religioso das senzalas. A Igreja Católica, apesar do seu imenso poderio em um país ainda em grande parte fanatizado por ela, nunca elevou no Brasil a voz em favor da emancipação."

Joaquim Nabuco, 1883, em "O Abolicionismo". (foto)

sábado, 28 de fevereiro de 2015

SABEDORIA POR VICTOR NUNES LEAL


Para favorecer os amigos, o chefe local resvala muitas vezes para a zona confusa que medeia entre o legal e o ilícito, ou penetra em cheio no domínio que medeia entre o legal e o ilícito, ou penetra em cheio no domínio da delinquência, mas a solidariedade partidária passa sobre todos os pecados uma esponja regeneradora. A definitiva reabilitação virá com a vitória eleitoral, porque, em política, no seu critério, "só há uma vergonha: perder". 

Victor Nunes Leal (foto) , texto extraído do livro "Coronelismo, enxada e voto" publicado em 1948, mas incrivelmente atual.

CORONELISMO, ENXADA E VOTO POR VICTOR NUNES LEAL


Durante o período carnavalesco conclui a leitura de um dos livros clássicos para entender o Brasil. Entre os encontros de amigos e amigas e na oitiva das marchinhas de Fortaleza, pude me debruçar sobre suas páginas. Trata-se de "Coronelismo, enxada e voto", escrito por Victor Nunes Leal. ressalte-se que tenho como meta ler os referenciais clássicos para servir de base para meu trabalho no mestrado. Já desfilou pela minha leitura Caio Prado Jr (História Econômica do Brasil), Euclides da Cunha (Os Sertões) e Sérgio Buarque de Holanda (Raízes do Brasil). Na fila estão Darcy Ribeiro, Raymundo Faoro, Gilberto Freire, Joaquim Nabuco, Florestan Fernandes, Celso Furtado, Bresser Pereira, Fábio Giambiagi, Roberto da Matta, entre outros. 

Mas voltando a Victor Nunes Leal, trata-se de autor que conseguiu com seu trabalho fazer uma radiografia do exercício de poder pelos chamados coronéis, com relato de sua organização, suas relações e das eleições de sua época. Embora já tenham se passado 67 anos do seu lançamento, é incrível como ainda resulta atualíssimo. Ainda que os métodos de manutenção do poder tenham se alterado, não há como negar como determinadas características de nossos governantes ainda se assemelham ao da época estudada magistralmente pelo autor. Vale a pena ler, reler, além de ter em casa para pesquisas e reflexões.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

GETÚLIO POR LIRA NETO


Terminei a leitura da magistral trilogia sobre Getúlio Vargas do escritor cearense Lira Neto. Sem dúvida, trata-se de leitura mais do que obrigatória para os amantes da história, da política, do Brasil. Não é possível compreender nosso país sem conhecer sobre o personagem mais marcante da história brasileira. A leitura é agradável; torna-se difícil não parar de ler até a última página, traço marcante da pena de Lira Neto. Para quem vai ficar em casa ou vai descansar no carnaval, está ai um prazeroso e instrutivo passatempo. Para jovens e adultos de todas as idades. Imperdível.

sábado, 24 de janeiro de 2015

QUIXADÁ: CIDADE UNIVERSITÁRIA


Quando terminei o 2o. Grau no Colégio Estadual o quadro em termos de cursos universitários em Quixadá era inexistente. A FECLESC estava com o vestibular suspenso devido a não regularização de seus cursos. Como havia passado no concurso do Banco do Brasil e tido a sorte de assumir em minha cidade, fiquei sem possibilidade de buscar a universidade. Cursar escolas técnicas era outra improbabilidade, afinal a única existente no Ceará situava-se em Fortaleza.

Depois de algum tempo, aconteceu o reconhecimento dos cursos da Feclesc (Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central) e eu pude fazer o vestibular, ingressando no curso de história. Era o ano de 1988. A primogênita luta pela universidade em Quixadá, e que foi construída por muitas mãos, abriria espaço para dentro de alguns anos tornar a "terra dos monólitos" em uma verdadeira "cidade universitária". Em princípio, a pioneira faculdade iniciou com os cursos de Pedagogia, História e Ciências. E muito conhecimento foi difundido pelo sertão, ao longo desses anos. 

No ano de 2004 foi criada a Faculdade Católica Rainha do Sertão pelo empreendedor Dom Adelio Tomazin. Uma profusão de cursos e estudantes inundou a cidade de Quixadá. Aconteceram impactos, a partir daí, que mexeram com a estrutura da cidade principalmente em sua economia. A verticalização da cidade, a aceleração das atividades da construção civil, o surgimento de novas atividades empresariais, demonstram este fato. A cidade de Quixadá começava a se acostumar com em ser uma cidade universitária. 

Depois tivemos a conquista do Campus avançado da Universidade Federal do Ceará (UFC) e do Instituto Federal do Ceará (antiga Escola Técnica/CEFET). Para esta conquista, a cidade teve que enfrentar uma competição técnica e política. Fui um dos que participou desta luta. Coordenei a elaboração dos dois projetos. Entre idas e muitas vindas conseguiu-se a cessão dos terrenos da União na área do Açude Cedro e os cursos começaram a funcionar no antigo prédio da Epace, reformado para este intento pela Prefeitura de Quixadá. A inauguração sob os acordes do sanfoneiro quixadaense Adelson Viana, a dança dos Irmãos Aniceto e a melodia do hino de Quixadá entoado pela nossa Banda de Música; celebraram mais uma importante conquista para sua consolidação como cidade universitária; afinal chegávamos a quatro instituições de renomada importância.

Praticamente uma década depois da implantação da Faculdade Católica, Dom Adélio Tomazin, liderando um grupo de empresários, entrega à cidade de Quixadá uma nova instituição focada no ensino superior tecnológico: Faculdade Cisne. Tive o privilégio de estar presente neste momento histórico. Parabenizo aos empreendedores por este ousado projeto. Fred, José Nílson, Ciro, vocês se juntam às pessoas que fizeram história em Quixadá. Dom Adélio, a cidade de Quixadá lhe deve muitas reverências de agradecimento.

Desta forma teremos dentro em breve implantados 52 cursos dentre técnicos e de nível superior. 

A Feclesc possui 8 cursos (Ciências, Ciências biológicas, Física, História, Letras, Matemática, Pedagogia e Química). 

A Faculdade Católica possui 17 (administração, arquitetura e urbanismo, biomedicina, ciências contábeis, design gráfico, direito, educação física, enfermagem, engenharia de produção, farmácia, filosofia, fisioterapia, odontologia, psicologia, sistemas de informação, teologia e sistemas para internet). 

O campus da UFC possui 6 (sistemas de informação, redes de computadores, ciência da computação, design digital, engenharia de software e engenharia da computação). 

O IFCE possui 7 (controle ambiental, edificações, hospedagem e química /técnicos; Química, tecnologia em agronegócio, engenharia ambiental e sanitária /superior). Irá implantar em breve Geografia, Engenharia Química, engenharia de produção civil, todos de nível superior e o curso técnico de meio ambiente. 

A Faculdade Cisne terá engenharia civil, nutrição, serviço social, medicina veterinária, produção publicitária, design de interiores, design de moda, gestão de recursos humanos e gestão comercial.

Quixadá incorpora em seu nome, além da terra dos monólitos, de Rachel de Queiroz, do Cego Aderaldo, da aparição dos Ovnis, do voo livre; o título de cidade universitária. Parabéns a todos que construíram esta história.

foto: Faculdade Cisne, nossa caçula.


SABEDORIA POR DALE CARNEGIE


"Lembre-se: hoje é o dia de amanhã que tanto lhe preocupava ontem."

Dale Carnegie

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

COMO CONHECI GETÚLIO VARGAS


COMO CONHECI GETÚLIO VARGAS


Atualmente estou lendo a trilogia escrita pelo autor cearense Lira Neto que aborda a trajetória do ex-presidente Getúlio Vargas. Um livro primoroso que retrata tempos conturbados e extremamente relevantes para entender a atualidade brasileira.

Entretanto, me vi a pensar quando foi que percebi a importância desse personagem para a história de nosso país. Ainda na 5ª ou 6ª série fomos obrigados a constituir equipes e entrevistar três autoridades da época sobre temas diversos. E a minha equipe foi aquinhoada com a temática a respeito de Getúlio Vargas. E nós sabíamos pouquíssimo sobre sua trajetória.

A aula acontecia pela manhã. Então à tarde saíamos a procura de encontrar autoridades da cidade de Quixadá para serem entrevistadas por nós, jovens garotos. Lembro que minha equipe era composta pelo Amâncio, Gladstone Páscoa e Manin. Havia mais um, mas não recordo quem era o colega de equipe.

O primeiro lugar visitado foi a prefeitura. Subimos as escadas e fomos ao gabinete do prefeito. Estávamos meio que nervosos, afinal nunca tínhamos estado lá ou feito coisa semelhante. Fomos recepcionados pelo chefe de gabinete Agenor Queiroz. O prefeito era o Sr. Renato de Araújo Carneiro. E olhe que fomos prestigiados, na primeira vez que lá estivemos fomos recebidos. Entramos, alguns de calção (éramos garotos) e para nossa surpresa batemos papo com a mais alta autoridade da cidade. Ocorre que ele nos fez um pedido, após se inteirar da temática. Pediu que fossemos no dia seguinte a sua fábrica de algodão, no mesmo horário, para conceder a entrevista. Iria ler um pouco sobre Getúlio Vargas.

E assim fizemos. No dia seguinte lá estávamos com o gravador na mão para ouvirmos o alcaide falar de Getúlio. O prefeito relatou a trajetória de Getúlio falando de suas principais leis e de suas principais realizações. Ouvimos, gravamos tudo, agradecemos ao nosso novo amigo e saímos de lá felizes.

O próximo da lista foi o ex-prefeito Zé da Páscoa. Conseguimos encontrá-lo em uma livraria de sua propriedade situada na hoje chamada rua Basílio Pinto no centro da cidade. Entramos na livraria adentro e encontramos aquele senhor de cabelos brancos sentado em um birô. De plano nos atendeu e relatou didaticamente a trajetória do ex-presidente. Lembro de que ele ao final agradeceu a lembrança de seu nome para a entrevista. Causou surpresa para nós a simplicidade da autoridade.

Agora, a terceira autoridade deu trabalho. Não conseguimos entrevistar o deputado da cidade (Dr. Everardo silveira), pois o mesmo passava a semana na capital cearense. Por diversas vezes estivemos na fábrica do Sr. Aziz Baquit (ex-prefeito), mas ora estava ausente, ora em reunião. O tempo urgia e o dia da entrega do trabalho chegando. No último dia, minha mãe me falou que eu tinha como vizinha uma vereadora: a Sra. Maria Leite. Fomos a noite em busca da senhora. E ela nos recebeu bem e também nos mostrou alguns passos da trajetória do ilustre ex-presidente.

Finalmente no dia da apresentação do trabalho estávamos ansiosos para mostra as suadas entrevistas. Ressalte-se que tínhamos aprendido muita coisa sobre o personagem Getúlio. Para nosso desalento, a professora apenas disse que não tinha tempo para ouvir a entrevista e nos deu a nota sem nos permitir mostrar nosso precioso trabalho. Foi uma decepção... Contudo foram os primeiros contatos com a história  marcante de Getúlio Vargas. Uma pena foi não termos guardado a fita com a entrevista com as personalidades. 

Os anos passaram. Entrei na universidade para cursar História. Apesar de ser um aficionado por leituras do tema relacionado a história nacional e mundial, somente no mestrado caiu a ficha para entender o papel preponderante do "pai dos pobres". Na cadeira de política culturais pude compreender sua relevância para as conquistas dos trabalhadores, mas principalmente para a formação do estado brasileiro em seu estado atual. Ler os livros de Lira Neto reforçam ainda mais esta tese de que se trata do mais importante político brasileiro. Para quem tem a curiosidade de se inteirar sobre nosso país, explorar a história de Getúlio é fundamental.

foto: Getúlio Vargas em minha cidade natal Quixadá.