terça-feira, 22 de dezembro de 2020

DORA, DORALINA DE RACHEL DE QUEIROZ


 Ler Rachel de Queiroz é como fazer um retorno as nossas raízes. Este é o sexto livro dela que me deleito. A trajetória de Dôra é como se fosse uma de nossas pessoas conhecidas, daquelas que nos acalentam. As páginas traduzem as desventuras da vida no sertão, com sua dureza, mas também com suas belezas e delícias. O rio São Francisco, o Rio de Janeiro, ali ressoam em suas folhas como convites para nós batermos a porta. Convivi alguns momentos com Rachel, pena que não pude debater com ela sobre suas obras. Não as tinha lido à época, infelizmente. Hoje suas lembranças renascem com seus maravilhosos relatos literários. 

Trago um dos trechos iniciais do livro, que pra mim transparece magistral. Aliás, escritores como Rachel são imortais.

"Doer, dói sempre. Só não dói depois de morto, porque a vida é um doer.

O ruim é quando fica dormente. E também não tem dor que não se acalme - e as mais das vezes se apaga. Aquilo que te mata hoje amanhã estará esquecido, e eu não se isso está certo ou está errado, porque acho que o certo era lembrar. Então o bom, o feliz se apagar como o ruim, me parece injusto, porque o bom sempre acontece menos e mau dez vezes mais. O verdadeiro seria que desbotasse o mau e o bom ficasse nas suas cores vivas, chamando alegria."

Local foto: Praça dos Mártires - Passeio Público - Fortaleza (CE)

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