sábado, 4 de maio de 2013

SÓRDIDOS PROSTITUTOS

Estamos acostumados a ver estampados nos jornais denúncias e críticas voltadas para os poderes públicos. Vale ressaltar que muitas destas críticas são mais do que justas e em um ambiente democrático como o de nosso país elas devem fazer parte do nosso cotidiano. É através da crítica, do debate que poderemos ver nossa sociedade evoluir e dar passos mais largos para a igualdade, justiça e bem comum. Não acredito em regimes autoritários e a história está aí para mostrar como esta saída foi sempre um embuste e desastre total.

Temos que ter consciência de que muita coisa errada em nosso país é tratada como normal pela sociedade brasileira. E não ficam nada a dever em exploração, desonestidade e sem-vergonhice se comparados a certos atos de políticos e autoridades. Fatos como o que relatarei aqui são corriqueiros e considerados quase que normais na atualidade. Não é dada a dimensão criminosa do fato e isto é ultrajante.

Nesta semana fui abordado por um colega de trabalho que me relatou uma situação. Sua tia, que paga religiosamente plano de saúde, teve sua cirurgia negada. Argumentaram uma infinidade de questões e não aquiesceram para que a senhora pudesse ser atendida, embora contratualmente estivesse previsto. Seu destino foi recorrer a nossa célere justiça. Enquanto iam passando os dias sem solução, o quadro clínico exigiu imediata intervenção cirúrgica. Qual a saída? A família teve que reunir contribuições de parte de seus membros para pagar os honorários médicos (R$ 16.000,00 para o cirurgião e R$ 4.000,00 para o anestesista). Assim foi feito. A cirurgia, com a providência divina e também financeira, alcançou o êxito desejado. 

Depois desta novela vem o desenrolar que revolta igual ou pior que a negativa do Plano de Saúde em proceder a cirurgia. Aproveitando-se da inocência da referida senhora, os médicos entregaram apenas recibos referentes a R$ 2.000,00 e R$ 900,00 respectivamente. Segundo eles seriam os valores pagos pela Tabela dos Planos de Saúde. Como é que poderia-se buscar uma recuperação judicial dos valores pagos junto ao Plano de Saúde se os valores descritos nos recibos não foram os reais pagos, aliás muito abaixo?

Sinceramente considero tais profissionais, se é que posso chamá-los assim, iguais a muitos dos bandidos que assaltam os cofres públicos ou mesmo fisicamente às pessoas no atual quadro de violência reinante. A busca do lucro fácil, a sonegação do Imposto de Renda, a exploração da miséria alheia; tudo isto permeia a vida de talentosos médicos que se esmeram na arte de delinquir. De há muito o juramento de Hipócrates foi jogado na lata do lixo. 

Orientei ao colega de trabalho que juntasse toda a documentação probatória e denunciasse estes falsários ao Conselho Regional de Medicina (CRM) e a Receita Federal, além de ingressar com queixa crime junto ao Ministério Público. Fatos como este relatado são rotineiros e precisam ser combatidos energicamente. Não podemos aceitar uma coisa como normal tratando-se de uma ilegalidade, uma irresponsabilidade, um escárnio para a sociedade.

Não quero aqui generalizar pois encontramos muitos profissionais da saúde que são humanos, caridosos, dedicados à arte de atender bem às pessoas. Entretanto, há pessoas que constrangem seus próprios colegas com atos deveras vis e mesquinhos.  

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