domingo, 30 de outubro de 2011

COMPANHIA DE DANÇA RASTRO - QUIXADÁ (CE)

Reproduzo aqui no blog matéria do Diário do Nordeste que trata do trabalho da companha de dança Rastro, que tem como maior entusiasta uma amiga batalhadora que é Gerlídia Tavares.

Quando a Companhia de Dança Rastro surgiu, em novembro de 2002, sua fundadora, a bailarina Gerlídia Tavares, pretendia apenas continuar dedicando o seu tempo à arte corporal pela qual se apaixonou ainda criança e ensinar o seu dom a crianças e jovens de uma comunidade carente de Quixadá, o mutirão do Campo Velho. Durante algum tempo aquela área habitacional popular foi muito discriminada. Também era conhecida como "cracolândia do sertão". Passados nove anos, esse sonho continua, cada vez mais real, apesar das dificuldades e da falta de apoio à arte de mexer o corpo, por meio de cadência de movimentos e ritmos, criando uma harmonia própria, a dança.

Atualmente, a Rastro conta com 14 bailarinos e cinco produtores artísticos. Pretendem comemorar no próximo dia 12 mais um ano de atividades. A festa deve acontecer na Feira de Negócios da Região Centro do Estado (Fenerce), em Quixadá. Os ensaios são realizados em espaço transformado num salão de dança, cedido pela Casa da Juventude, dedicada à assistência socioeducativa infanto-juvenil desta cidade. Eles reúnem-se às noites para ensaios, aprendizado e aprimoramento das técnicas artísticas. É o tempo disponível após um dia de trabalho. Nenhum deles pode se dedicar exclusivamente à dança. Mesmo assim, os sete rapazes e sete moças do corpo de dança não perdem o rebolado. O amor, a satisfação e a emoção de misturar todos esses sentimentos é produzir o combustível para a arte da dança. E, quando sobem ao palco, todo o esforço e dedicação são recompensados, com aplausos. "Os agradecimentos poderiam ser mais frequentes, se a cidade tivesse pelo menos um teatro", comenta a bailarina com um sorriso no rosto. Afinal, apesar das adversidades, se sente realizada. Além de receber convites constantes para trabalhar em grandes academias como a Goretti Quintela, alguns de seus alunos se destacam Brasil afora.


Gerlídia se refere à bailarina e professora Gilmara Almeida. Hoje, a ex-aluna, a quem ensinou os primeiros passos, integra a equipe da Companhia de Dança Renata Nunes, em Brasília, uma das mais conhecidas do País. Ela sente mais orgulho em saber que a amiga conquistou independência econômica com a dança, muito raro nesse segmento artístico. Gilmara está se formando em Geografia. Paga a faculdade e sobrevive graças ao aprendizado e talento com a dança. Quanto à opção pelo magistrado, explica: a dança é uma escolha de vida. São raros os profissionais a se dedicarem a essa arte e nela ficarem ricos.

Apesar dos convites para integrar grandes companhias de dança, tia Gerlídia, como é tratada carinhosamente por seus alunos e integrantes da sua companhia, a única no Município reconhecida pela Secretaria de Cultura (Secult) do Ceará, preferiu ficar na sua terra natal e continuar sua missão. Hoje, ela conta com 14 bailarinos e o apoio de poucos amigos para continuidade dos trabalhos sociais. Ele divide suas atividades com ensaios e aulas de dança para crianças de uma escola pública de Quixadá. O suficiente apenas para manter-se, e também o filho, de apenas 9 anos.

Para Gerlídia, os investimentos dos governos e o apoio empresarial à dança como arte são muito tímidos. São poucas as oportunidades para captar recursos. Na maioria das vezes, quem se dedica a ela é obrigado a buscar na criatividade o que não se tem no bolso. Uma dessas experiências foi vivida por seu grupo faz alguns anos, em Fortaleza. As dificuldades continuam. Certeza só no amor pela dança.

Matéria: Alex Pimentel

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