segunda-feira, 9 de maio de 2011

CURTA CEARENSE EMPOLGA CINE-PE / A CASA DAS HORAS DE HERALDO CAVALCANTI

Reproduzo matéria do Jornal O Povo sobre o filme "A Casa das Horas" de Heraldo Cavalcanti. Uma bela matéria.

Aplaudido pela plateia pernambucana, o curta A Casa das Horas, do cearense Heraldo Cavalcanti, emocionou no festival que reúne o maior público de cinema do Brasil.

Não foi a primeira vez que A Casa das Horas foi visto. Antes de passar no Cine PE, encerrando a noite de abertura, no último sábado, o curta-metragem de Heraldo Cavalcanti já tinha carreira internacional. “Estreou em Havana, passou em Guadalajara, com três projeções no México”, enumera o diretor. No Brasil, estreou em Rondônia, já com prêmio de melhor filme.

A projeção em Recife, no entanto, foi a estreia de Heraldo entre a plateia de sua mais recente produção. “Eu ainda estou sob o efeito da projeção. Foi a primeira vez que vi o filme com o público, porque, nas outras exibições, eu não pude ir. Como foi o último da noite, achei que não fosse ter muito público, mas teve. Duas mil pessoas vendo o meu filme e aplaudindo no final foi incrível”, comemora.

A mostra competitiva de curtas começou com o páreo apertado. A noite foi aberta com o curta Vou Estraçaiá, do pernambucano Tiago Leitão, documentário sobre o pugilista apelidado Todo Duro, uma figura engraçada e que pegou o público de jeito. Depois veio Muita Calma Nessa Hora, ficção do gaúcho Frederico Ruas, também com um pé no humor, mas sem empolgar muito.

A programação parece ter ido preparando o espectador para os silêncios do filme de Heraldo. O Contador de Filmes, do paraibano Elinaldo Rodrigues, mostrava a história de um senhor aficionado por cinema desde criança, que tinha anotado em cadernos todos os filmes que viu na vida, com ficha técnica completa. Janela Molhada, de Marcos Enrique Lopes, também de Pernambuco, mostrava o processo de restauração dos filmes que fizeram parte do primeiro ciclo do cinema silencioso no Brasil, com a participação da última atriz dessa época ainda viva.

A ficção depois de dois documentários deu outro pique ao fim de noite no Cine PE. A Casa das Horas já começa bem, com um take bonito da rua, o ônibus e a casa. Depois vem Nicette Bruno, maravilhosa, puxando por uma perna e carregando o pudim preferido do filho de Celeste, sua personagem. Celeste está arrumada, colar de pérolas, batom. É seu aniversário, e ela recebe uma ligação dele, mas nada de parabéns.

Mais uma vez, o telefone toca. É o serviço de telemarketing de uma farmácia. Celeste vive sozinha e aproveita a simpatia do atendente para conversar. Drama que gera identificação imediata com o público, A Casa das Horas agradou o público pernambucano. As palmas ao final do filme vieram acompanhadas de gritos e assobios, em uma empolgação que só tinha acontecido no início da noite. “Eu quero falar com o público, falar com mais pessoas. Aqui eu consegui isso”, comemora.

A Casa das Horas tem boa fotografia, boa história e a participação de Hiroldo Serra, no papel do filho de dona Celeste. Depois de Recife, o curta ganha o mundo: “Vai ser exibido no Festival de Cinema Brasileiro em Montevidéu, Buenos Aires, Miami, Nova York e Londres”, revela Heraldo. Seu penúltimo filme, Fractais Sertanejos, também faz carreira. Vai ser exibido na França e na Bélgica. Atualmente morando entre Rio de Janeiro e Fortaleza, Heraldo Cavalcanti tem feito cursos, participado de discussões, mas garante: “Não quero me tornar um cineasta carioca. Aliás, nem carioca nem cearense. Gosto de ser um cineasta brasileiro”.

Aline Rodrigues - Jornal O Povo

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