COCÓ, Muito além de um cartão postal
Muito mais do que Iguatemi e bairro nobre. O Parque do Cocó corta a cidade toda e tem influência direta na qualidade de vida de quem mora em Fortaleza. E não se trata apenas de paisagem, mas de sobrevivência Rodrigo Carvalho A bacia do rio Cocó ocupa dois terços da área urbana de Fortaleza. "Ela atinge 60% dos cursos d'água. Muitas lagoas, canais de drenagem e riozinhos são 'baixos' do Cocó", explica o arquiteto e urbanista José Costa Filho. O desenho do parque, em meia lua, forma um corredor de ventilação. Com a orla praticamente toda emparedada, os ventos alísios vindos do mar entram em Fortaleza pelo Cocó e dali se espalham. "A agradabilidade climática é diferente de outras cidades muito por conta da posição geográfica do Cocó, que permite a chegada do vento", afirma José Costa.
Se a vegetação é desmatada e o rio é aterrado, a função climática desse ecossistema fica comprometida. "Isso é muito sério quando se leva em conta que a temperatura da cidade vem aumentando de dois a três graus nas duas últimas décadas", avalia Vanda Claudino, referindo-se a resultados de pesquisas recentes feitas pelo Departamento de Geografia da UFC.
O rio Cocó se estende por 50 quilômetros e atravessa a cidade de ponta a ponta. Extrapola, e muito, o bairro homônimo. O shopping Iguatemi e as trilhas ecológicas são um pedacinho de sua trajetória. Ele nasce lá embaixo, na serra de Aratanha e passa por três municípios, Pacatuba, Maracanaú e Fortaleza.
Entra na Capital pelo bairro Ancuri e deságua no oceano Atlântico, entre o Caça e Pesca e a Sabiaguaba. "O Cocó é muito menor onde as pessoas mais o conhecem. No lado menos privilegiado da cidade existem mais áreas livres no entorno e o rio é mais visível", diz a promotora de patrimônio e meio ambiente, Lúcia Teixeira. A percepção dos limites e da importância estratégica do parque são minimizadas freqüentemente. Como Fortaleza tem uma geografia plana, os rios e córregos tem papel fundamental na drenagem das chuvas. Eles absorvem o excesso de água e já não contam muito com a ajuda das dunas, quase todas destruídas em Fortaleza.
O mangue do rio Cocó é berçário de espécies da fauna marinha e costeira. Crustáceos, peixes, aves e répteis dependem do manguezal para sobrevivência. Se o ecossistema for destruído, a reprodução de um grande número de espécies aquáticas que nascem no manguezal e migram para o mar vai diminuir, a exemplo do camarão e de um grande número de espécies de peixes. Essa diminuição pode causar rompimentos na cadeia alimentar e conseqüências ainda maiores. "Ali existem ecossistemas frágeis. O mangue é importante porque é berço de vida", diz a promotora de patrimônio e meio ambiente Lúcia Teixeira.
EcossistemaA vegetação exuberante do mangue predomina, mas árvores comuns em regiões de praia, zonas transitórias, também estão no parque. "Tem murici, araçá. Os bichos comem fora, pelas dunas, e trazem a semente", diz o gerente do parque, Inácio Prata. Muitos pássaros buscam abrigo no Cocó. A garça, o martim pescador, o maçarico e a galinha d'água. "A Região Metropolitana inchou muito - Maracanaú, Maranguape -, áreas que tinha muitos pássaros. Hoje eles não têm para onde ir", conta Inácio. Um dos últimos refúgios é justamente o Cocó. Para alguns bichos selvagens também.
Inácio já viu guaxinim, raposa, soim, camaleão, tejo, jibóia e cobra de veado. Sem falar nos caranguejos. O desafio é conciliar o lazer e a contemplação com a conservação. Um parque urbano desse tamanho não é algo comum. "As áreas de preservação e lazer se confundem". Não dá para fechar a área do parque e proibir a cidade de visitar e conviver, mas é urgente proibir a cidade de entrar e se instalar. "Muita gente avançou o limite. Existem muitas ocupações indevidas. A extensão do Lagamar é só um exemplo", diz José Costa Filho. A maioria das invasões são irregulares.
"A construção civil fica no limite. O problema são as carvoarias clandestinas, a extração de barro, os comércios instalados e o próprio Estado", critica o urbanista. O conjunto habitacional do Tancredo Neves está colado no rio e a abertura de avenidas como a Rogaciano Leite dão a deixa para a ocupação. "Ninguém está ligando muito para o Cocó. Só uns 'gatos pingados' e ambientalistas", desabafa. E as agressões vão se acumulando.
Se a vegetação é desmatada e o rio é aterrado, a função climática desse ecossistema fica comprometida. "Isso é muito sério quando se leva em conta que a temperatura da cidade vem aumentando de dois a três graus nas duas últimas décadas", avalia Vanda Claudino, referindo-se a resultados de pesquisas recentes feitas pelo Departamento de Geografia da UFC.
O rio Cocó se estende por 50 quilômetros e atravessa a cidade de ponta a ponta. Extrapola, e muito, o bairro homônimo. O shopping Iguatemi e as trilhas ecológicas são um pedacinho de sua trajetória. Ele nasce lá embaixo, na serra de Aratanha e passa por três municípios, Pacatuba, Maracanaú e Fortaleza.
Entra na Capital pelo bairro Ancuri e deságua no oceano Atlântico, entre o Caça e Pesca e a Sabiaguaba. "O Cocó é muito menor onde as pessoas mais o conhecem. No lado menos privilegiado da cidade existem mais áreas livres no entorno e o rio é mais visível", diz a promotora de patrimônio e meio ambiente, Lúcia Teixeira. A percepção dos limites e da importância estratégica do parque são minimizadas freqüentemente. Como Fortaleza tem uma geografia plana, os rios e córregos tem papel fundamental na drenagem das chuvas. Eles absorvem o excesso de água e já não contam muito com a ajuda das dunas, quase todas destruídas em Fortaleza.
O mangue do rio Cocó é berçário de espécies da fauna marinha e costeira. Crustáceos, peixes, aves e répteis dependem do manguezal para sobrevivência. Se o ecossistema for destruído, a reprodução de um grande número de espécies aquáticas que nascem no manguezal e migram para o mar vai diminuir, a exemplo do camarão e de um grande número de espécies de peixes. Essa diminuição pode causar rompimentos na cadeia alimentar e conseqüências ainda maiores. "Ali existem ecossistemas frágeis. O mangue é importante porque é berço de vida", diz a promotora de patrimônio e meio ambiente Lúcia Teixeira.
EcossistemaA vegetação exuberante do mangue predomina, mas árvores comuns em regiões de praia, zonas transitórias, também estão no parque. "Tem murici, araçá. Os bichos comem fora, pelas dunas, e trazem a semente", diz o gerente do parque, Inácio Prata. Muitos pássaros buscam abrigo no Cocó. A garça, o martim pescador, o maçarico e a galinha d'água. "A Região Metropolitana inchou muito - Maracanaú, Maranguape -, áreas que tinha muitos pássaros. Hoje eles não têm para onde ir", conta Inácio. Um dos últimos refúgios é justamente o Cocó. Para alguns bichos selvagens também.
Inácio já viu guaxinim, raposa, soim, camaleão, tejo, jibóia e cobra de veado. Sem falar nos caranguejos. O desafio é conciliar o lazer e a contemplação com a conservação. Um parque urbano desse tamanho não é algo comum. "As áreas de preservação e lazer se confundem". Não dá para fechar a área do parque e proibir a cidade de visitar e conviver, mas é urgente proibir a cidade de entrar e se instalar. "Muita gente avançou o limite. Existem muitas ocupações indevidas. A extensão do Lagamar é só um exemplo", diz José Costa Filho. A maioria das invasões são irregulares.
"A construção civil fica no limite. O problema são as carvoarias clandestinas, a extração de barro, os comércios instalados e o próprio Estado", critica o urbanista. O conjunto habitacional do Tancredo Neves está colado no rio e a abertura de avenidas como a Rogaciano Leite dão a deixa para a ocupação. "Ninguém está ligando muito para o Cocó. Só uns 'gatos pingados' e ambientalistas", desabafa. E as agressões vão se acumulando.
obs: Tenho acompanhado a luta de um grupo de ecologistas que tem se preocupado na preservação do Parque do Cocó em Fortaleza (CE). Recentemente foi criado a associação "Amigos do Cocó" que irá lutar pela sua preservação. Parabéns ao grupo recentemente criado do qual me associarei. O texto acima mostra a vital importância do Parque do Cocó para a capital cearense. Que em 2.009 este grupo se fortaleça e evite o processo de destruição do Parque.
Obrigado pela divulgação dos Amigos do Cocó e da importância do Parque para o Fortalezense.
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